Empresa que faz manutenção dos helicópteros pesados do Estado garante que já tem tudo pronto para ter um Kamov a voar e queixa-se de falta de inspeção.
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A empresa que faz a manutenção dos helicópteros pesados do Ministério da Administração Interna para socorro e combate aos fogos garante que tem há duas semanas pronto e parado um dos seis Kamov que gere porque a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) nunca mais inspeciona a aeronave.
A ANAC confirma que já recebeu o pedido e o processo, mas recusa a acusação e garante que não pode fazer a inspeção porque continuam a faltar elementos, nomeadamente uma garantia do fabricante ou autoridades russas em relação a uma peça.
À TSF, fonte oficial da Everjets, empresa que ganhou o concurso público para manter os Kamov, adianta que tem tudo pronto para por o primeiro helicóptero a voar, mas a ANAC ainda não teve oportunidade de ir a Ponte de Sor ver a aeronave.
A Everjets afirma que há duas semanas que a empresa Kamov aprovou a primeira revisão geral, feita de dez em dez anos, a estes helicópteros pesados rodeados de polémicas e que há meses estão todos parados.
No entanto, fonte oficial da ANAC adianta à TSF que a Everjets não incluiu no processo que entregou depois da revisão um elemento fundamental: o documento em que as autoridades russas ou a própria Kamov validam o prolongamento da vida útil de uma peça.
A ANAC teme pela segurança dos helicópteros, recusa responsabilizar-se por qualquer acidente e sem esse documento não irá inspecionar a aeronave.
Multas de pelo menos 380 mil euros
A ANPC confirmou à TSF que, desde o início da vigência do contrato, a Everjets já teve os Kamov parados, sem razão justificável, durante 224 horas - o que significa multas por quebra de contrato na ordem de 380 mil euros.
A maioria dessas paragens foram em 2016: 159 horas e 259 mil euros de multas. Em 2017, as paragens foram menores: 65 horas que arriscam custar à empresa 122 mil euros.
A Proteção Civil confirma que este ano estão já a ser contadas novas paragens não autorizadas nos helicópteros pesados do Estado mantidos pela Everjets, mas ainda não foram aplicadas multas pois as contas ainda não estão fechadas.
Recorde-se que pela gestão e manutenção dos meios aéreos pesados do Ministério da Administração Interna a Everjets ganhou um contrato que lhe permite receber cerca de 46 milhões de euros durante 4 anos.