
Acácio Franco / Global Imagens
Os deputados do PSD eleitos pelo distrito de Setúbal questionaram hoje o Governo sobre a quantidade de resíduos perigosos que foram queimados na cimenteira da Secil, entre 2008 e 2016.
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"Sobre matérias de resíduos, e para que o debate seja completo e sério, torna-se necessário perceber tudo aquilo que envolva movimentos de resíduos no distrito de Setúbal", disse Bruno Vitorino, deputado do PSD, num comunicado.
O social-democrata recordou que o Governo liderado pelo socialista José Sócrates "avançou com a coincineração na Serra da Arrábida, contra a vontade da população, aumentando também a quota de exploração para as pedreiras, o que vai ajudar a perpetuar a presença da Secil na Arrábida".
Bruno Vitorino afirmou que os social-democratas exigem ainda um esclarecimento público sobre os resíduos banais recebidos pelo CITRI -- Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Industriais em Setúbal.
"Apesar de nos ter sido dito que a coincineração avançaria para resolver passivos ambientais para os quais não havia solução, a verdade é que as cimenteiras têm vindo a importar cada vez mais resíduos perigosos para queima, naquilo que se tornou um negócio de milhões, com muito pouco controlo", acrescenta.
É neste contexto que o deputado social-democrata diz ser preciso tornar público o que tem vindo a ser feito na cimenteira Secil, localizada na serra da Arrábida, nomeadamente ao nível da queima de resíduos perigosos.
"Para esse efeito, enviamos um documento ao ministro da tutela a pedir explicações sobre quantas toneladas de resíduos banais e perigosos foram queimadas até agora, mas também quantas ações inspetivas foram feitas e quais os resultados das respetivas análises aos resíduos que têm como destino a cimenteira da Secil, no Outão, entre outras questões. Era também importante esclarecer qual a quantidade destes resíduos que é importada e qual a sua origem", concluiu.
Depois de várias preocupações da população e de outros setores com a possibilidade de 2.700 toneladas de resíduos vindos de Itália terem características perigosas, o Ministério do Ambiente, liderado por João Matos Fernandes, anunciou na semana passada que as análises ao lixo importado apresentam "eventuais irregularidades" e que, por isso, a deposição num aterro em Setúbal ficaria suspensa até todas as dúvidas serem "cabalmente esclarecidas".
Foram pedidas análises laboratoriais e concluiu que "existem parâmetros que suscitam dúvidas, nomeadamente o parâmetro do Carbono Orgânico Dissolvido (COD)".
O Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Industriais (CITRI) de Setúbal, responsável pela importação, já esclareceu que pode receber os resíduos importados de Itália e que "todas as análises efetuadas, quer as da entidade externa e independente [...] caracterizam os resíduos como não perigosos, apenas com o parâmetro COD a demonstrar a presença de resíduos orgânicos processados".