O Festival Ronda Poética, em Leiria, leva a poesia ao hospital, à escola, à prisão, aos cafés e a lares de terceira idade.
Corpo do artigo
Numa sala de espera que parece um quarto de brincadeiras, há uma casa de encantar, há bichos de todas as cores pintados nas paredes - e há também versos e rimas de canções tradicionais.
Quando o Doutor me Prescreve um Poema é uma ideia da animadora Nídia Nair Marques, no contexto do Festival Ronda Poética, que está a acontecer em Leiria até domingo, 24 de março.
Na consulta externa de pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, durante a manhã desta quinta-feira, Dia Mundial da Poesia, crianças, adolescentes e respetivas famílias viveram um momento diferente - e surpreendente.
André Ferreira, 12 anos, foi o primeiro a sair do consultório, com uma receita que a mãe, Patrícia Morgado, considera especial, porque é um incentivo à leitura.
O psicólogo Paulo José Costa, assistente no serviço de pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, poeta e co-organizador da Ronda Poética com a livraria Arquivo e o Município de Leiria, fala numa espécie de super-poder que se manifesta na escrita.
"Chamemos-lhe uma componente de realização, comoção, talvez, salvação, libertação. Portanto, nesse sentido, pode atribuir-se-lhe um papel terapêutico, neste caso, em pediatria. Também promover a leitura e a escrita, até porque aí fora há espaço para as crianças escreverem", explica.
Na Ronda Poética, o verso invade as ruas de Leiria e está nas escolas, no hospital, na prisão e em lares de terceira idade.
Sábado, na Praça Rodrigues Lobo, há poesia ao pequeno-almoço, no café, com estudantes chineses do Politécnico de Leiria a declamarem Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andresen e David Mourão Ferreira, entre outros autores portugueses.
Também no contexto no festival, há poemas espalhados pelas ruas e um declamatório público instalado no centro histórico, num programa que inclui música, cinema, dança, fotografia e teatro, a dinamizar uma cidade com tradição poética desde as cantigas de amigo de D. Dinis.
Manuel João Vieira (concerto esta sexta-feira pelas 23h30), Alberto Pimenta (na projeção do filme O Homem PiKante - Diálogos com Pimenta, de Edgar Pêra, sábado à tarde), José Anjos e Carlos Barretto (ambos no espetáculo No Precipício Era o Verbo, às 19 horas de domingo, na livraria Arquivo) são alguns dos nomes em destaque num cartaz com tertúlias, lançamentos e apresentações de livros, recitais, serões poético-musicais, exposições e um concurso de poetry slam.