O antigo primeiro-ministro já chegou ao DCIAP, em Lisboa, para ser interrogado pela terceira vez no âmbito do processo "Operação Marquês". José Sócrates garante que vai responder a todas as perguntas.
Corpo do artigo
José Sócrates reafirmou que está a ser alvo de "uma campanha maldosa e difamatória", com notícias colocadas nos jornais mas sem apresentar factos, considerando que "estes métodos põem em causa e ferem a credibilidade de quem quer atuar com decência num processo".
"Este tem sido o padrão deste inquérito: encenação para as televisões e campanha de difamação maldosa a até indecente nos jornais. Já tive ocasião de dizer o quanto me repugnam estes métodos, (...) mas só utiliza estes métodos quem está inseguro e quem não está confiante. Porque quem está seguro e quem está confiante, ou acusa ou cala-se", declarou.
À entrada no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em Lisboa, onde hoje vai ser interrogado no âmbito da "Operação Marquês", José Sócrates disse aos jornalistas que irá responder a todas as questões que lhe forem colocadas pelo Ministério Público.
"Vim para defender-me", afirmou. Quando questionado sobre se recebera 18 milhões de euros de Ricardo Salgado, do Banco Espírito Santo (BES), respondeu: "Querem apresentar-me como se tivesse algo que ver com Ricardo Salgado,. (...) "A única intervenção que tive no processo da Portugal Telecom foi contra os interesses do Dr. Ricardo Salgado". E deixou a garantia: "Nunca recebi dinheiro de ninguém".
O interrogatório a José Sócrates - indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais - deverá incidir sobre os últimos elementos dos autos relacionados com os negócios da Portugal Telecom e com a transferência de vários milhões de euros do Grupo Espírito Santo para o empresário Carlos Santos Silva.
A "Operação Marquês", conta até ao momento, com 25 arguidos - 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena.
Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.