Quercus acusa Governo de não condenar uso de fertilizantes com o metal pesado cádmio

André Gouveia
A Quercus contesta a posição do Governo sobre a redução dos níveis de cádmio nos fertilizantes e acusa o executivo de estar a bloquear a discussão sobre este tema.
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Esta quarta-feira, realiza-se em Bruxelas a última reunião para preparar a nova legislação sobre os fertilizantes agrícolas, um processo que tem dividido as instâncias europeias e vários países, incluindo Portugal, que contesta esta iniciativa legislativa.
Carla Oliveira, da Quercus, faz parte do Grupo de Trabalho da Agricultura, explica que não compreende a posição do Governo português, quando estão provados os malefícios do cádmio.
"O cádmio que existe nos fertilizantes agrícolas passa para a cadeia humana e é altamente prejudicial para o ambiente e para o consumo humano, é cancerígeno de grau 1. A Quercus já pediu esclarecimentos ao governo, nunca obteve respostas. Além disso, a Assembleia da República pediu em abril uma audiência ao ministro a da agricultura e à Diretora Geral da Comissão dos Assuntos Económicos para que se abrisse uma discussão e até à data de hoje não se realizou."
Carla Oliveira sublinha que aguardam desde abril por explicações do Governo. O Parlamento aprovou um Projeto de Resolução a pedir ao executivo para votar em Bruxelas a favor de limites de cádmio baixos e aprovaram a chamada do executivo à Comissão de Agricultura para dar explicações sobre a posição de Portugal, mas ainda nada aconteceu.
"Este Projeto de Resolução pretende pedir ao Governo para que esteja mais atento ao ambiente e a este caso em concreto e para que defenda em Bruxelas limites de cádmio mais reduzidos, da mesma forma que defendem a maior parte dos países europeus. Sendo que Portugal constitui uma minoria de bloqueio, com mais cinco países europeus, que estão a impedir que se vote em Bruxelas os limites de cádmio reduzidos abaixo dos 60 miligramas".
Um contacto com a TSF, o gabinete do ministro da Agricultura informa que esta pasta não pertence a Capoulas Santos. De acordo com o ministério, o tema dos fertilizantes é da exclusiva responsabilidade da Direção Geral das Atividades Económicas, que pertence ao Ministério da Economia.
A Comissão Europeia quer reduzir os níveis de cádmio presentes nos fertilizantes usados na agricultura e em outubro é votada a nova proposta legislativa.