Quercus e WWF louvam o acordo para as alterações climáticas assinado em Paris, mas também sublinham que é preciso agir a curto prazo. A Greenpeace considera que "este é o final da era dos combustíveis fósseis".
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ara a Quercus, se por um lado, o acordo representa "um forte sinal" para a "eliminação dos combustíveis fósseis", por outro, o documento deixa "muito por fazer" no combate às alterações climáticas "no curto prazo".
O novo acordo global "enviará um forte sinal para acelerar a eliminação gradual da utilização dos combustíveis fósseis", refere uma informação da associação ambientalista que está na delegação portuguesa.
Para os defensores do ambiente portugueses, "ao mesmo tempo, muito trabalho continua por fazer para aumentar a ação climática no curto prazo".
Representantes de 195 países mais a União Europeia estiveram em Paris duas semanas a negociar um acordo global para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, de modo a limitar o aumento da temperatura média do planeta e evitar os fenómenos extremos, como ondas de calor, secas, cheias ou subida do nível do mar.
Entre os pontos realçados pela Quercus, está o reconhecimento pela conferência de Paris que é importante limitar a subida da temperatura a 1,5 graus Celsius, em relação à era pré-industrial, para garantir a sobrevivência da maioria dos países vulneráveis.
A referência a um objetivo de redução para zero emissões líquidas, na segunda metade do século, é outro exemplo listado.
"Estes novos objetivos enviam um sinal forte a todo o mundo que a transição dos combustíveis fósseis para 100% de energias renováveis precisa de acontecer muito mais depressa e a uma escala muito maior", realça a Quercus.
Quanto ao que "podia estar melhor no acordo", a Quercus refere que "os compromissos nacionais já apresentados não vão ser revistos antes de 2020 e, a manter-se a última proposta conhecida, em 2018 irá começar um processo de avaliação".
Este não contempla aumentar o grau de ambição, "mesmo face ao reconhecimento de que os atuais compromissos de redução de emissões não são suficientes para lidar com um aumento de temperatura que se pretende que seja ainda menor do que dois graus", acrescenta.
No plano internacional também a organização World Wild Fund (WWF) classificou o acordo para limitar o aquecimento global concluído na COP21 como "as bases para uma ação ambiciosa", mas defendeu a necessidade de "mais medidas imediatas".
"Os Governos de todo o mundo concluíram hoje um acordo global em Paris que estabelece as bases para esforços a longo prazo de combate às alterações climáticas", indicou o WWF em comunicado, acrescentando que "são precisos mais esforços para garantir que o aquecimento seja limitado a 1,5 graus Celsius".
"Este novo acordo deverá ser continuamente fortalecido, e os Governos vão precisar de regressar a casa e concretizar medidas a todos os níveis para reduzir as emissões, financiar a transição energética e proteger os mais vulneráveis", sustentou.
Para o WWF, "as negociações de Paris também fomentaram anúncios e compromissos dos Governos, cidades e empresas que demonstram que o mundo está pronto para uma transição para energias limpas".
Outra organização ambientalista, a Greenpeace defendeu que o acordo contra as alterações climáticas reflete a mensagem de que "este é o final da era dos combustíveis fósseis".
"O mais importante desta conferência é que a indústria dos combustíveis fósseis recebeu hoje a mensagem de que este é o final da era das energias fósseis", declarou o diretor executivo da Greenpeace, Kumi Naidoo, num encontro com a imprensa, em Paris.
Para este ambientalista, os investidores têm de começar descontar o dinheiro do carbono, do petróleo e do gás e aqueles que programam investir têm de faze-lo em energias renováveis.
Kumi Naidoo acusou ainda as companhias energéticas de levar o mundo "ao ponto em que ele está: tentaram manipular o debate público patrocinando investigações científicas não rigorosas, pagando a académicos nos EUA e Europa, e agora veem que, apesar de tudo o que fizeram, a população triunfou".
"Não podíamos imaginar, no início das duas semanas da conferência [em que decorreram as negociações], que acabaríamos por conseguir um objetivo de limitação do aquecimento global a 1,5 graus", realçou.