Rápidos, destrutivos e tempestuosos. Pedrógão revelou uma nova geração de incêndios
Relatório ibérico alerta para a necessidade de criar equipas comuns a Portugal e Espanha para melhorar o combate.
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O grande incêndio de Pedrógão Grande, que em 2017 se abateu sobre a região, pode ser apenas o primeiro de uma nova geração de fogos a que a Península Ibérica vai estar sujeita.
O aviso é feito pelo Eixo Atlântico, uma organização que junta 38 municípios portugueses e espanhóis, através de um relatório apresentado esta quarta-feira na Galiza. No documento, lê-se que tudo começou em Pedrógão e que tudo se repetiu depois, em outubro de 2017.
São incêndios de sexta geração, como lhes chama o relatório, e tornam-se tão intensos que chegam a transformar-se em tempestades de fogo. Têm uma velocidade de propagação de quatro hectares por hora, uma velocidade 12 vezes superior à de um incêndio dito normal.
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A capacidade destrutiva desta nova geração de incêndios é proporcional à dificuldade de os controlar e, no mesmo documento, lê-se que têm tendência a repetir-se, mesmo em situações de ausência de risco extremo.
A incidência tem aumentado sobretudo na zona fronteiriça situada no norte da Península Ibérica e o relatório estabelece que, a partir do momento em que as chamas atingem grandes proporções num dos lados da fronteira, o outro lado deve esperar a mesma intensidade.
Equipas ibéricas podem ser solução
Para responder a estes "novos fogos", os especialistas acreditam que está na altura de se pensar em constituir uma equipa conjunta entre Portugal e Espanha, altamente especializada no combate a incêndios, e que deve ser integrada na reservas dos meios da União Europeia.
A cooperação não deve, no entanto, ficar-se pela equipa conjunta. A vontade é de que, por exemplo, uma equipa espanhola possa fazer o ataque inicial a um incêndio em Portugal, e vice-versa. Além disso, os municípios de ambos os lados da fronteira devem articular planos de combate aos fogos.
As causas mais comuns destes incêndios, segundo o documento, são as alterações climáticas e a má gestão das florestas.
Perante uma ameaça que é crescente, diz o relatório, Portugal e Espanha só têm a ganhar em responder juntos, desde a prevenção à extinção dos incêndios.