A Direção Geral dos Serviços Prisionais nega motim, mas o presidente do Sindicato Independente dos Guardas Prisionais garantiu na TSF que os reclusos chegaram a pegar fogo a objetos.
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O diretor geral dos Serviços Prisionais afirmou este sábado à noite, em declarações à agência Lusa, que o abandono do posto por vários guardas do Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL) provocou "alguma gritaria" entre os reclusos, mas negou que tenha havido qualquer espécie de motim.
Celso Manata disse que "houve um conjunto de guardas que às quatro horas da tarde abandonaram o serviço ilegalmente", o que provocou "dificuldade em manter os horários normais" nas visitas, refeições e medicação. "Houve alguma gritaria, mas não passou disso", disse o responsável pelas prisões em Portugal, referindo que o grupo de intervenção policial dos serviços prisionais foi chamado à prisão, como "faz parte dos procedimentos, mas nem sequer atuou".
Ao início da noite, a situação estava normalizada, garantiu. "Todo o serviço atrasou", lamentou, e "houve um gradão que caiu porque os presos se encostaram", referiu Celso Manata, garantindo que os guardas que saíram "vão ter um processo disciplinar por causa disso".
Em declarações à TSF, o presidente do Sindicato Independente da Guarda Prisional, Júlio Rebelo, descreveu uma "situação bastante tensa" no Estabelecimento Prisional de Lisboa, com "a tentativa do corpo de guardas a tentar recuperar o controlo da ala E", onde estão mais de 300 reclusos.
Os reclusos "usaram baldes de lixo e outros itens para pegar fogo dentro da própria ala a alguns e derrubaram o gradão de segurança" da ala.
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O sindicalista explicou que devido à falta de guardas prisionais que, no cumprimento da lei, têm recusado fazer horas extraordinárias, não se podem "dar as visitas na totalidade e o último grupo só teve dez minutos" 8em vez da hora habitual).
Júlio Rebelo acrescentou que também "houve um atraso, que já é sistemático, na entrega da medicação e um atraso na alimentação dos reclusos no jantar".
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O sindicalista alertou que a situação é muito grave, pois a rebelião no Estabelecimento Prisional de Lisboa pode ter um "efeito dominó" nos restantes estabelecimentos prisionais.
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