Ex-presidente do BES é um dos 28 arguidos da Operação Marquês. Entre os vários crimes de que está acusado, o Ministério Público indiciou Salgado por corrupção ativa.
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O Ministério Público está convencido que Ricardo Salgado corrompeu, ativamente, José Sócrates. Entre os 21 crimes de que está acusado, o ex-presidente do Banco Espírito Santo está indiciado pela "prática de um crime de corrupção ativa de titular de cargo político" e dois crimes de corrupção ativa.
Na nota à comunicação social da Procuradoria-Geral da República, pode ler-se ainda que Salgado está indiciado por nove crimes de branqueamento de capitais, três de abuso de confiança, outros três de falsificação de documentos e mais três de fraude fiscal qualificada.
A convicção do Ministério Público é de que José Sócrates acumulou, ao longo de anos, vários milhões de euros, em contas na Suíça, que estavam no nome do amigo Carlos Santos Silva. Esses fundos, de acordo com a acusação, "integravam também pagamentos determinados pelo arguido Ricardo Salgado, com a mobilização de quantias oriundas de entidades offshore que pertenciam ao Grupo Espírito Santo." Esses pagamentos, escreve a acusação, "estavam relacionados com intervenções de José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, em favor da estratégia definida por Ricardo Salgado para o grupo Portugal Telecom, do qual o BES era acionista."
O Ministério Público explica ainda que "para ocultar essa finalidade, Ricardo Salgado utilizou o arguido Hélder Bataglia para fazer circular fundos por contas no estrangeiro controladas por este último. Todos esses pagamentos eram justificados com contratos fictícios em que era interveniente Helder Bataglia."
Ricardo Salgado é ainda acusado de ter ordenado pagamentos aos arguidos Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, entre 2006 e 2010, para que os então administradores da Portugal Telecom "agissem de acordo com os interesses de Salgado e do BES enquanto acionista da PT."
O Ministério Público acrescenta ainda que, Rircardo Salgado terá montado com Carlos Santos Silva, entre 2010 e 2011, um esquema que envolvia Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena e Helder Bataglia, "para entregar uma nova quantia em dinheiro a José Sócrates." Esse esquema passava, de acordo com a acusação, "pela produção de um contrato promessa de compra e venda de um edifício em Angola. O incumprimento desse contrato promessa e consequente perda do sinal, justificava a transferência de uma quantia para as contas do grupo Lena que por sua vez devolvia esse montante a Carlos Santos Silva." Esse dinheiro, acredita o Ministério Público, tinha como último destinatário José Sócrates.