Abrantes não quer que a filosofia habite apenas nas escolas ou nas universidades por isso, recebe até dia 18 o Festival de Filosofia. "A inteligência artificial, o trabalho e o humano" é o tema em debate, e quer-se perceber qual vai ser o papel do Humano no futuro tecnológico que se aproxima.
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Com a 4.ª revolução industrial à porta, o Festival de Filosofia de Abrantes coloca em reflexão o tema "Inteligência Artificial, o Trabalho e o Humano".
Viriato Soromenho-Marques, professor universitário e um dos pensadores convidados a participar no festival, explica que o tema da inteligência artificial é, por si só, fascinante devido às inúmeras possibilidades que proporciona, mas também aos riscos que acarreta.
"Nos próximos dez anos [a inteligência artificial] vai destruir milhões e milhões de postos de trabalho que atualmente existem e isso pode ser encarado de duas maneiras."
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Viriato Soromenho-Marques relembra que na civilização ocidental de outros tempos, na Grécia antiga, o ideal de vida boa, ou de uma vida com dignidade humana era aquela que estava associada ao ócio e não ao trabalho nem ao negócio. "E nós hoje vivemos em sociedades muito dominadas pelo trabalho, um trabalho muitas vezes repetitivo e mecanizado. A inteligência artificial poderá criar oportunidades para outras formas de existência mais ricas", acrescenta.
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De Σοφία a Sophia
No rescaldo da mais conhecida conferência tecnológica que se realiza em Lisboa, a Web Summit, Viriato Soromenho-Marques alerta que o fenómeno Sophia pode vir a multiplicar-se. "Devemos encarar os robôs e todas as criaturas que estamos a criar como auxiliares sem, no entanto, sermos ingénuos. Não podemos descartar a possibilidade, que a ficção científica já há muito anos avançou, de termos uma revolta das máquinas contra os criadores humanos.
À pergunta "Será que as pessoas vão ser substituídas pelos robôs, e se tornarão spam?", Viriato Soramenho-Marques responde: "A única forma de impedir essa destruição de postos de trabalho seria criar instituições que permitissem um rendimento obrigatório universal obrigatório, para todos que não colocasse as pessoas numa situação de desemprego crónico significando isso numa situação de carência económica permanente."