A família Nichols reside em Ferreirós do Dão, no concelho de Tondela, no meio do que restou de uma floresta.
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A tragédia dos incêndios ocorridos há um ano afetou milhares de portugueses, mas não só. Os estrangeiros a residir em Portugal também sofreram as consequências do fogo. Foi o caso da família Nichols que reside em Ferreirós do Dão, no concelho de Tondela, no meio do que restou de uma floresta.
"Em quinze minutos [o fogo] estava em todo o lado", recordou à TSF Dave que depois de alertado por um amigo por volta da uma da manhã ainda conseguiu fugir de autocaravana com a mulher, os quatro cães e o gato.
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"Foi uma noite de doidos, mais cinco minutos e não conseguíamos fugir. Tivemos sorte", disse.
Só na manhã seguinte é que este cidadão inglês conseguiu regressar ao que dantes era o seu lar. Ardeu quase tudo, a casa que tinha uma cobertura nova, uma carrinha com vários pertences. Sobrou um Renault 4L, que estava localizado no único ponto que não foi tocado pelas chamas. As perdas estão avaliadas em 15 mil euros.
Na propriedade que comprou quando se mudou para Portugal há quatro anos e nos terrenos envolventes quase não há verde. A zona continua despida de árvores e pintada de negro. O cheiro a fumo e a queimado só desapareceu em dezembro.
Dave e a mulher pensavam que estavam "guardados" pelos castanheiros e carvalhos em redor da casa.
Só três semanas depois dos incêndios é que a família conseguiu regressar ao espaço que era seu. Estão a viver desde essa altura numa autocaravana que asseguram ser confortável e acolhedora. Foi também lá que nasceu há sete meses o pequeno Élder.
Dave não se queixa do que aconteceu e agradece a solidariedade de todos os que o ajudaram, mesmo estando a reconstruir o lar sozinho. Quando questionado sobre se recebeu apoios para reerguer a casa, afirma que há pessoas que precisam mais do que ele.
Este imigrante não esconde que depois da tragédia ele e a mulher pensaram em abandonar Portugal, mas acabaram por ficar pelo menos por agora.
"No futuro não sabemos. Se passar outro fogo não sei se posso recomeçar outra vez. Vamos ver", conclui.