"Secos e Molhados": quando Lisboa foi um campo de batalha de polícias contra polícias
Foi há quase três décadas que os polícias saíram à rua, em Lisboa, para reivindicarem direitos sindicais. Os colegas do corpo de intervenção que estavam de serviços foram ordenados a avançar sobre os manifestantes com jatos de águas.
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Os profissionais de segurança manifestam-se esta quarta-feira, em Lisboa , em protesto contra o descongelamento das carreiras e a falta de efetivos nas forças de segurança.
Uma manifestação que acontece quase 30 anos depois do protesto que ficou conhecido como "Secos e Molhados".
Na altura, uma multidão de polícias fardados encheu a Praça do Comércio, em Lisboa, para lutar pela liberdade sindical e por melhores condições de trabalho.
Álvaro Marçal estava de serviço no corpo de intervenção da Polícia de Segurança Pública (PSP). Recorda o dia difícil, em que recebeu ordens para carregar sobre os colegas.
"Foi o momento mais difícil da minha vida profissional, ao longo de todo estes anos", conta
A Praça do Comércio tornou-se um campo de batalha: polícias contra polícias. O corpo de intervenção foi ordenado a responder ao protesto com bastonadas e lançando jatos de água sobre os manifestantes (daí os "secos", os polícias que controlavam o protesto", e os "molhados", os polícias que se manifestavam).
Álvaro Marçal recusou-se avançar contra os colegas de profissão, o que o levou a ser expulso do corpo de intervenção da PSP. Não se arrepende da decisão que tomou. Pelo contrário. Orgulha-se e muito.
"Estávamos do lado da verdade, do lado da razão, do lado da Historia e do lado do progresso", diz sobre aquele dia, que viria a garantir a liberdade dos polícias para hoje saírem à rua.
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Percorra a fotogaleria e veja as imagens do protesto dos "Secos e Molhados", a 21 de abril de 1989.