Detetados em Portugal indícios de apoio à atividade terrorista.
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As autoridades detetaram em Portugal indícios de apoio a estruturas terroristas a operar no exterior, mas não relacionados com o planeamento de atentados no país, revela o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) divulgado hoje.
"Nos últimos anos têm vindo a ser recolhidos e avaliados indícios que dão conta do agravamento de alguns fatores de riscos, indícios já detetados no nosso país", lê-se no relatório, referente a 2016.
No entanto, adianta o documento, o caso identificado "não estava diretamente relacionado com o planeamento e execução de atentados em Portugal, mas sim com o apoio às estruturas terroristas a operar no exterior, em particular na Europa e na região sírio-iraquiana.
"Apesar de, até ao momento, se avaliar esta situação como um exemplo isolado, não existindo indícios que apontem para a existência de estruturas idênticas a operar de modo permanente em Portugal, considera-se que a emergência de situações similares a esta, poderão contribuir para uma alteração do padrão da ameaça terrorista que impende sobre o nosso país", refere o RASI.
O relatório chama também a atenção para a permanência de um grupo de cidadãos de nacionalidade portuguesa na região de conflito sírio-iraquiana, com ligações à organização terrorista Estado Islâmico, que são "um fator de preocupação acrescida, sobretudo pelos riscos associados ao seu potencial regresso a Portugal ou a outro país europeu".
Segundo o RASI, até à data "não foram reportados casos de portugueses presentes em outros cenários de insurgência islamita, designadamente na Líbia, Sahel-Magreb, Corno de África, Península Arábica, Sudeste Asiático ou na região Afegano-Paquistanesa".
Atendendo à centralidade do terrorismo, os serviços de informações têm vindo a fortalecer os seus mecanismos de prevenção, especialmente a cooperação internacional.
"Os resultados alcançados, em especial em alturas críticas como os períodos pós-atentados na Europa, são assaz ilustrativos da acuidade do trabalho desenvolvido pelos serviços de informação de segurança", sublinha o RASI, avançando que "o trabalho realizado neste domínio permitiu identificar e provocar a disrupção das atividades de indivíduos envolvidos no planeamento e na preparação de atentados na Europa".
O relatório destaca também o papel desempenhado na proteção de infraestruturas críticas, pontos sensíveis e outras infraestruturas relevantes de setores estratégicos portugueses devido à partilha do conhecimento com vista à deteção da ameaça terrorista.
Em 2016, o Sistema de Informações da República de Portugal (SIRP) procurou privilegiar a produção e difusão de informações que permitisse identificar as linhas de tendências e os agentes de ameaça.
Para tal, a ameaça corporizada pelo terrorismo 'jihadista', nomeadamente o grupo Estado Islâmico e a Al Qaida, continuou a ser alvo de permanente monitorização com vista a identificar as tendências de evolução.