Uma pessoa encontra-se em coma e cinco outras em estado grave em Rennes, França, após terem participado num ensaio de medicamentos analgésicos conduzida por um laboratório privado para a farmacêutica portuguesa BIAL.
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A Ministra da Saúde de França diz que é um caso inédito no país. Nunca um ensaio terapêutico, diz a governante, teve consequências tão graves.
Marisol Touraine explica que participaram nestes testes 128 pessoas, 90 administraram a molécula com características analgésicas. De acordo com a responsável pelo governo francês o grupo que tomou a molécula repetidas vezes foi a que acusou os sintomas indesejados.
Os primeiros sinais manifestaram-se no dia 10 de janeiro, o ensaio foi interrompido no dia a seguir. Explica Mariosol Touraine que "6 pessoas foram internadas no domingo. São todos homens com idades entre os 28 e os 49 anos". O caso mais grave é o de um homem que "os médicos qualificam como morte cerebral". As restantes cinco pessoas estão internadas no serviço de neurologia de um hospital em Rennes.
A farmacêutica BIAL já confirmou, em comunicado, que o ensaio terapêutico é da responsabilidade do laboratório português. Acrescenta que "o desenvolvimento desta nova molécula, na área da dor, segue desde o início, todas as boas práticas internacionais, com a realização de testes e ensaios pré-clínicos, nomeadamente na área da toxicologia". Ainda de acordo com o documento, "Já tinham participado neste ensaio com a nova molécula, 108 voluntários saudáveis, sem notificação de qualquer reação adversa moderada ou grave".
A Bial informa também que já enviou colaboradores para Rennes para acompanharem a situação, tanto junto da empresa que em França conduziu o ensaio, como no Hospital Universitário de Rennes onde estão a ser seguidos os participantes afetados.
Os números não são coincidentes. O ministério da saúde francês fala em 6 pessoas hospitalizadas, a Bial em 5.
O INFARMED, em comunicado, já veio informar que em Portugal esta molécula não está a ser usada em quaisquer ensaios terapêuticos.
O ministro português da Saúde anunciou que já estabeleceu contacto com a Bial. "Estamos a acompanhar a situação com preocupação, mas nesta altura quero chamar a atenção para a elevada consideração" pela Bial, disse Adalberto Campos Fernandes.