Em entrevista à TVI, o antigo primeiro-ministro, defendeu também que, ao fim de seis meses em prisão preventiva, o PS deveria ter perguntado: "desculpem, mas não será o momento de apresentarem as provas?"
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José Sócrates acusou a procuradora geral da República de ser "a principal responsável pelo comportamento do Ministério Público" no processo Operação Marquês e exigiu "uma explicação" de Joana Marques Vidal. Na leitura do ex-primeiro-ministro, a ação do Ministério Público serviu para "prejudicar o PS" nas eleições legislativas. É por isso que o antigo líder socialista defende que "ao fim de seis meses de prisão preventiva o PS deveria ter perguntado se "não será o momento de apresentarem as provas?".
Numa entrevista que foi interrompida por imperativos de programação, José Sócrates fez um ataque cerrado ao Ministério Público, responsabilizando diretamente a Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal a quem desafiou a dar uma explicação.
O antigo primeiro-ministro, indiciado por corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, sublinhou que um ano depois, o Ministério Público ainda não apresentou qualquer prova e acusou o Ministério Público de fazer, ou deixar fazer "uma campanha de difamação" contra ele e uma "campanha de terror" contra os amigos e família.
Acusou ainda os investigadores de agirem "num efeito de túnel", ignorando factos que não lhes interessam. Sócrates rejeitou qualquer relação com as empresas de Carlos Santos Silva e disse desconhecer a forma como os 23 milhões de euros ("repatriados" da Suíça através do RERT - processo de regularização tributária) chegaram a Portugal.
Sobre a posição assumida por António Costa e pelo PS, Sócrates deixou uma crítica considerando que "ao fim de seis meses, eu realmente o que contava não é que o PS interviesse no processo, mas que o PS dissesse: Desculpem, mas não será o momento de apresentarem as provas? Acham que isto não passou já a mais?".
Ao longo da entrevista, José Sócrates atacou o Ministério Público e voltou a realçar que "este processo envolve um ex-primeiro-ministro e ninguém compreende que ainda não tenham apresentado as provas".
Confrontado com as declarações da procuradora Maria José Morgado de que no Ministério Público não são "loucos", José Sócrates considerou "uma loucura" não apresentar provas. "Se não são loucos" o que fizeram foi ignorar os preceitos da ação penal, acrescentando que, "durante todo este tempo, o Ministério Público fez ou deixou fazer campanha de brutal difamação contra mim".
O antigo primeiro-ministro acusou ainda o organismo de "violar os direitos da defesa, desde abril" e disse que resolveu regressar de Paris porque "quis fazer frente" a quem estava a "aterrorizar" a família.