Suíça emperra investigação ao fim do Espírito Santo. PGR revela números de processo gigante
Ministério Público diz que respostas a cartas rogatórias enviadas para a Suíça são "determinantes".
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) está há quase 3 anos à espera que as autoridades da Suíça respondam a pedidos de cooperação judicial fundamentais para fechar a acusação às investigações sobre aquilo que levou ao colapso do Universo Espírito Santo.
Num balanço deste mega processo agora divulgado, a Procuradoria faz contas a um caso que ocupa sete magistrados, tem 41 arguidos, já envolveu 199 audições e que além de um processo principal tem 252 apensos.
Os números são quase sempre grandes nesta nota da PGR e envolvem, por exemplo, arrestos ou apreensões que já chegam aos 120 milhões de euros em dinheiro e aplicações financeiras.
Há ainda 477 imóveis confiscados pelos tribunais, além de dois hotéis à venda em processos de insolvência por um preço base de 45 milhões de euros.
Nota ainda para o arresto de 11 viaturas, o recheio de 6 casas, bem como as instalações de uma sociedade e 143 obras de arte.
A análise documental envolve 100 milhões de ficheiros informáticos, incluindo comunicações escritas entre seis países em três línguas. Por outro lado, já se fizeram 111 buscas em Portugal, Espanha, Macau e Suíça, enquanto do lado dos arguidos já surgiram 77 recursos.
À espera da Suíça
Para perceber o que aconteceu no Universo Espírito Santo que levou ao fim do BES, o Ministério Público já pediu ajuda às autoridades de dez países: Brasil, Espanha, Estados Unidos, Macau, Panamá, Dubai, Holanda, Bélgica, Alemanha e Luxemburgo.
Nesta balanço a PGR faz questão de dizer que é na Suíça que estão desde maio de 2016, há quase 3 anos, cartas rogatórias para ter acesso aos resultados de buscas e audições.
Ou seja, pedidos de ajuda entre tribunais de dois países que ainda não tiveram resposta e que segundo o ministério público português são "determinantes para fechar o despacho" deste mega processo.
Além dos sete magistrados envolvidos no caso, a equipa especial conta com três elementos do Banco de Portugal, um da CMVM, dez da PJ, seis da PSP, dois do núcleo de assessoria técnica da PGR, um da Inspeção Geral de Finanças, três da Autoridade Tributária e um elemento de apoio do DCIAP.
O fim do BES e o colapso final do Grupo Espírito Santo aconteceu no verão de 2014.