O Presidente da República afirmou ainda que falará diretamente aos portugueses sobre o caso de Tancos, "sempre que tal se impuser".
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garante que desconhece factos sobre reaparecimento das armas, recordando que tem insistido na exigência do esclarecimento de "toda a verdade, doa a quem doer".
"Ora, se eu insisti e insisto nessa exigência é, precisamente, porque, tal como todos os portugueses, não sabia nem sei os factos que ocorreram e as inerentes responsabilidades, nomeadamente criminais", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que é também Comandante Supremo das Forças Armadas.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou este sábado que falará diretamente aos portugueses sobre o caso de Tancos, "sempre que tal se impuser", e acrescentou que continuará a exigir a "máxima rapidez" no apuramento da verdade.
"Em homenagem à mesma transparência que tem caracterizado o meu mandato, sempre que tal se impuser, não deixarei de esclarecer diretamente os portugueses, que me elegeram, perante os quais respondo, acerca de todas as matérias que sejam efetivamente relevantes. Como é o caso de Tancos", assegurou Marcelo Rebelo de Sousa, que é também Comandante Supremo das Forças Armadas.
Em declarações à Agência Lusa sobre o caso de Tancos, o Presidente da República deixou ainda outra garantia: "Não deixarei de continuar a exigir o apuramento da verdade e a solicitar a máxima rapidez possível, dentro do respeito da autonomia do Ministério Público. Portugal não deve ficar, indefinidamente, com dúvidas sobre questão essencial para o Estado de Direito e o prestígio das Forças Armadas".
Quanto a um eventual pedido para ser ouvido na futura Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o caso de Tancos, o chefe de Estado disse não ter conhecimento de "qualquer iniciativa nesse sentido", e advertiu: "Mas sei que tal não tem qualquer acolhimento constitucional ou legal".
Assunção Cristas concorda com Marcelo
Em declarações aos jornalistas, a líder do CDS, Assunção Cristas, disse que concorda com o chefe de Estado. "Só posso secundar o senhor Presidente da República quando diz que é preciso apurar toda a verdade, doa a quem doer".
Assunção Critas aproveitou também para reforçar a necessidade de uma comissão de inquérito, porque "a cada dia que passa, mais alguma informação vem a lume".
Estas revelações sucessivas de informações levaram a líder centrista a recordar que "o CDS, em boa hora, propôs uma comissão parlamentar de inquérito para que seja descoberta toda a verdade em relação a Tancos".
A votação desta comissão ocorre já está quarta-feira, com a líder do CDS a esperar que seja "naturalmente aprovada".
O furto de material militar dos paióis de Tancos foi revelado a 29 de junho de 2017 e a recuperação da maior parte do material foi divulgada pela Polícia Judiciária Militar, em comunicado, no dia 18 de outubro de 2017, na Chamusca, a cerca de 20 quilómetros de Tancos.
A investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR.
O caso levou já à demissão do anterior ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, em 12 de outubro, invocando a necessidade de evitar que as Forças Armadas fossem prejudicadas pelo "ataque político" e as acusações de que afirmou estar a ser alvo.
Já esta semana, na quarta-feira, foi a vez do Chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, pedir a resignação, apenas dois dias depois da tomada de posse do novo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho.
A Assembleia da República deverá votar e aprovar na próxima semana uma comissão parlamentar de inquérito, proposta pelo CDS-PP, sobre o desaparecimento e reaparecimento de material militar em Tancos.