Ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar garante assumir as responsabilidades por qualquer erro cometido no processo Tancos.
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O anterior porta-voz da Polícia Judiciária Militar, major Vasco Brazão, negou esta quarta-feira a existência de qualquer operação de encobrimento de suspeitos no processo de recuperação do armamento furtado em Tancos, garantindo ter trabalhado "sempre com um informador".
"Nego em absoluto qualquer encobrimento de qualquer suspeito ou criminoso na recuperação do material. Trabalhámos sempre com um informador e foi essa a informação que foi passada ao gabinete do senhor ministro da Defesa [Azeredo Lopes]", explicitou Vasco Brazão, numa declaração à saída do Campus da Justiça, em Lisboa, depois de ter sido ouvido como testemunha no julgamento das duas mortes no 127.º curso de Comandos.
O ex-porta-voz da PJM, autor do memorando com a descrição da operação, alegadamente entregue ao ex-chefe de gabinete de José Azeredo Lopes, prometeu ainda colaborar com a Justiça e assumir as responsabilidades por eventuais erros cometidos no processo de Tancos.
"É nossa intenção colaborar com o Ministério Público na descoberta da verdade, assumindo as responsabilidades que tivermos que assumir de algum erro cometido", assumiu, recusando-se a responder a outras perguntas dos jornalistas.
Sobre as listagens divulgadas, Brazão lembrou que "da diferença entre o material recuperado e aquele que foi furtado foi imediatamente informado o Ministério Público no dia da recuperação de todo o material encontrado".
De acordo com notícias vindas a público, Vasco Brazão terá revelado à Justiça que entregou o memorando com a descrição da operação de recuperação do armamamento de Tancos ao tenente-general, Martins Pereira, ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes, que terá confirmado o teor do mesmo. Contudo, Martins Pereira, num texto enviado à agência Lusa garantiu não ter descortinado qualquer operação de encobrimento de suspeitos no memorando que lhe foi entregue pelo ex-porta-voz da PJM.
Vasco Brazão, que se encontra em prisão domiciliária no âmbito do processo de recuperação das armas de tancos, foi esta quarta-feira prestar declarações como testemunha no âmbito da investigação da Polícia Judiciária Militar (PJM) às mortes dos recrutas dos comandos Hugo Abreu e Dylan da Silva.