Uma biblioteca inteira dentro de um disco rígido. É a memória atómica
Investigadores da Holanda e do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia em Braga descobriram uma forma de reduzir o espaço que ocupa a informação. Tudo passa pela manipulação de átomos.
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E se fosse possível ter todos os livros de uma biblioteca dentro de uma pen? O protótipo deste disco já está construído. Resulta de uma investigação da Universidade de Delf, na Holanda, com colaboração de investigadores do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia, em Braga.
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Jose Lado, um destes investigadores, explica que tudo começou porque queriam perceber como reagiam os átomos na superfície de metais. "O que observámos foi que esses átomos podiam ser movidos muito facilmente. E se podemos movê-los facilmente, podemos tentar fazer uma espécie de código nessa superfície".
Atualmente, os discos rígidos armazenam a informação a nível magnético através do sistema binário - códigos compostos por zeros e uns. Os investigadores descobriram que é possível criar códigos através da manipulação de átomos - a mais pequena unidade da matéria.
O resultado é que é possível armazenar muito mais informação em muito menos espaço. A descoberta aumenta mil vezes a capacidade dos discos atuais. É a memória atómica.
"Há 15 anos todos os discos tinham uma capacidade de um gigabyte, mais ou menos um filme. Nos discos rígidos que temos agora, podemos armazenar facilmente mil filmes", explica Jose Lado, "a ideia é que, se fazes memórias muito mais pequenas, podes armazenar muito mais informação. Com um disco rígido como este podíamos guardar um milhão de filmes".
Já está construído o protótipo deste disco, mas o físico Jose Lado não sabe quando é que poderá sair do laboratório. Talvez dentro de 15 ou 20 anos. Tudo depende de conseguir otimizar custos.
A tecnologia só funciona com temperaturas muito baixas, 200 graus negativos. Não é conseguido nos computadores pessoais, mas é possível em centros de dados ou mesmo em hospitais. Jose Lado explica que os aparelhos de ressonância magnética também precisam de temperaturas baixas.
Para já, José Lado realça que o mais importante é ter conseguido manipular de forma estável a matéria ao nível da escala atómica - um avanço que abre portas a tantas outras descobertas.