A dois dias das eleições que vão escolher o novo bastonário dos advogados, Varela de Matos defende que tem de haver trabalho para todos e que há mecanismos para que isso aconteça.
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Varela de Matos tem 56 anos e é advogado desde os 30. No passado, concorreu ao conselho regional de Lisboa.
Na manhã TSF, Varela de Matos defende que é urgente encontrar um líder para os advogados para que a classe não volte a ser derrotada pelo Governo, como diz ter acontecido com o anterior.
O advogado considera que não há advogados a mais, mas defende que tem de haver trabalho para todos, algo que diz ser possível com os mecanismos adequados.
Varela de Matos considera que é preciso voltar a atribuir o trabalho que foi tirado a centenas de advogados, "nomeadamente com o encerramento dos tribunais do interior. Faz sentido voltar a por os processos de inventário que davam trabalho a centenas ou milhares de advogados e que hoje estão entregues aos notários. Faz sentido não continuar a impulsionar a criação tribunais arbitrais para satisfazer os grandes escritórios, retirando trabalho aos pequenos".
O advogado explica que é preciso definir qual é o ato do advogado, aquele que apenas ele pode praticar, para que a concorrência de profissionais não especializados não lhe tire trabalho, como no caso dos cobradores de dívidas.
Varela de Matos critica também o Estado, que diz não cumprir as suas obrigações no sistema de apoio judiciário. "Paga mal e a más horas e fragiliza as pessoas".
Quanto ao estado atual da Ordem dos Advogados, Varela de Matos diz que a instituição perdeu influência nos últimos anos, devido "ao combate contra uma "advogada [Paula Teixeira da Cruz] que desempenhava as funções de ministra da Justiça e que era autista, sem qualquer conotação em sentido literal, apenas a nível sociológico e político. Satisfez os interesses das multinacionais e dos grandes escritórios, correspondendo a determinados lóbis, cedendo às exigências das corporações e combatendo os advogados".
Além de Varela de Matos, há ainda outros três candidatos à ordem dos advogados. Jerónimo Martins, Guilherme Figueiredo e Elina Fraga, que se recandidata.