O início de 2019 promete fazer história na exploração espacial. Nunca fomos tão longe para descobrir mais sobre o nosso próprio planeta, a vida e as origens do Universo.
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Na passagem para 2019 milhões de pessoas vão olhar para o céu. Mas muito para além do fogo-de-artifício, a mais de 110 milhões de quilómetros da Terra, uma sonda não tripulada da NASA vai fazer história.
A Osiris-Rex vai entrar na órbita do asteroide Bennu dia 31 de dezembro, o primeiro passo para o ambicioso objetivo final: recolher uma amostra do corpo rochoso rico em carbono, um composto básico da vida como a conhecemos.
Esta é a primeira missão da NASA para estudar e recolher uma amostra de um asteroide, sendo também o Bennu o corpo celeste mais pequeno alguma vez orbitado de tão perto por uma sonda (temapenas 500 metros de diâmetro).
Ao longo do próximo ano, a OSIRIS-REx vai estudar o asteroide sem aterrar. Terá de escolher um local seguro e cientificamente interessante para, já em 2020, recolher um fragmento de rocha com pelo menos 60 gramas que será enviado para análise na Terra, através de uma cápsula que vai separar-se da sonda. Esta só regressa ao nosso planeta em 2023.
Um braço robótico com mais de três metros de comprimento vai tocar a superfície do asteroide durante cerca de cinco segundos, ao mesmo tempo que provoca uma explosão de azoto que causará oscilações na superfície, permitindo a recolha de fragmentos de rocha. Se não conseguir só poderá tentar mais duas vezes.
Esta sonda chegou perto do asteroide passados no início do mês, depois de uma viagem pelo espaço de mais de dois anos.
Uma missão épica ao desconhecido
Já no dia 1 de janeiro, a New Horizons vai mostrar pela primeira vez Ultima Thule, o corpo celeste mais longínquo já visitado no Sistema Solar, a seis mil milhões de quilómetros da Terra.
O nome oficial deste corpo celeste é 2014 MU69, mas a comunidade científica começou a designa-lo com a expressão latina que tradicionalmente se refere a um local distante, para lá do mundo conhecido.
"Ultima Thule significa 'daqui em diante começa o desconhecido'", explicou Adriana Ocampo, uma das responsáveis do programa Novas Fronteiras da NASA, citada pelo El País."Esta missão é algo épico, histórico".
A aproximação histórica - a 3.500 quilómetros da superfície de Ultima Thule - está prevista para às 5h33 do dia 1 de janeiro (hora portuguesa). Durante 72 horas, as câmaras da New Horizons captarão imagens em alta resolução deste corpo celeste, que serão publicadas no dia 2 de janeiro.
Finalmente vamos conhecer o "dark side of the moon"
Nos primeiros dias de janeiro, um veículo robotizado enviado pela China vai explorar o lado oculto da Lua, um feito inédito na exploração espacial.
A sonda Chang'e-4 foi lançada no dia 12 de dezembro e começou a orbitar a Lua dois dias depois, vai alunar na cratera de Von Karman no início do próximo ano na zona da superfície lunar que não pode ser vista da Terra.
O objetivo desta missão é fazer uma observação astronómica de rádio de baixa frequência, análise de relevo, deteção de composição mineral e da estrutura superficial da lua e medição de radiação de neutrões e de átomos neutros.
Será também testado se a batata e a planta herbácea "Arabidopsis thaliana" (da família da mostarda) crescem e fazem a fotossíntese num ambiente controlado, mas condicionado à microgravidade da superfície lunar.
A bordo da sonda chinesa estão também ovos de bicho-da-seda cuja evolução será gravada para ser controlada a partir da Terra.
O objetivo final da agência espacial chinesa é criar uma base na Lua para exploração humana.
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