Bloco denuncia: Refugiados em Portugal condenados a viver à margem da sociedade
O acolhimento em Portugal é tema de uma audição pública no Parlamento. A audição "Luzes e Sombras" baseia-se num estudo que denuncia a "forma miserabilista" como o país recebe os refugiados.
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Na teoria, a disponibilidade de Portugal em receber refugiados é real e positiva, mas na prática, os migrantes são atirados para o isolamento, acolhidos de "forma miserabilista" e condenados a viver nas "margens da sociedade". As conclusões de um investigador do Instituto de Ciências de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa mostram que o sistema português define uma inserção subalterna e não integra verdadeiramente.
Francesco Vacchiano acompanha refugiados em afazeres quotidianos, no acesso à saúde e aos serviços públicos e foram essas tarefas que lhe proporcionaram um retrato nítido da forma como os migrantes são tratados em Portugal.
Em declarações ao jornal Público, Francesco Vacchiano explicou que os obstáculos burocráticos e os entraves administrativos impedem os refugiados de aspirar a uma vida digna.
O investigador vai participar numa audição pública, que conta também com a presença de José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda, Teresa Tito de Morais, a presidente do Conselho Português para os Refugiados e Mubarak Mohamed Hussein, da União dos Refugiados em Portugal.
O resultado da audição pode levar o Bloco de Esquerda a apresentar uma proposta para um debate no Parlamento.
José Manuel Pureza, membro da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, referiu ao Público que quem chega não tem voz sobre o local, as condições em que é acolhido e a antiga profissão e formação são desvalorizadas e defende que é preciso tomar um caminho mais acertado no acolhimento a refugiados em Portugal.
O Bloco aponta erros às entidades que acolhem, mas também ao Governo que não tem criado as condições para que o acolhimento se traduza na inserção efetiva na sociedade.