
Rui Oliveira/Global Imagens
Como é que o fogo andou tão rápido a 15 de outubro? Leia as explicações de um investigador da Comissão Europeia habituado a ver áreas ardidas em imagens de satélites.
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Cerca de 200 mil hectares em dois ou três dias nos incêndios que começaram no fim de semana de 14 e 15 de outubro. O número é não apenas surpreendente para os portugueses, mas também para os especialistas que todos os dias olham para as imagens de satélite, analisam e atualizam os números provisórios de área ardida na Europa.
Um dos cientistas responsáveis por essa tarefa no Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais confessa à TSF que nunca na história desta instituição da Comissão Europeia, que existe desde 2000, tinham visto tanta destruição em tão pouco tempo.
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Jesus San Miguel acrescenta que os casos mais semelhantes registados antes foram muito menos destruidores e demoraram muito mais tempo (semanas) a fazer estragos bastante menores.
O caso mais parecido, adianta Jesus, aconteceu em Valência há alguns anos mas arderam "apenas" 100 mil hectares e foram precisas duas semanas. Aqui, sublinha o especialista, foram dois ou três dias e ardeu pelo menos o dobro. É algo, admito, "nunca visto".
Chamas avançaram como 'uma língua a sair da boca'
O investigador de incêndios da Comissão Europeia explica que aquele fim de semana e sobretudo o domingo 15 de outubro teve condições "insólitas" e também elas "únicas".
Normalmente, conta, a maioria dos fogos tem causa humana. No entanto, neste caso quando se fez a cartografia com as imagens de satélite percebe-se que a razão foi outra.
Jesus San Miguel diz que essas imagens mostram "perfeitamente que os fogos se expandiram muito rapidamente numa forma de "língua a sair da boca" na direção da do vento que era muito forte".
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Para o investigador, habituado a ver diariamente imagens de satélite com terra queimada, a velocidade do fogo em Portugal naquele dia foi fruto das condições únicas que se conjugaram: a proximidade do furacão Ophelia, a seca e as altas temperaturas com baixíssima humidade no ar.