Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, recorda que Portugal já teve a mesma hora ao longo do ano e critica quem defende este modelo.
Corpo do artigo
O diretor do Observatório Astronómico de Lisboa reitera que não concorda com o fim da mudança de hora, aprovada esta semana pelo Parlamento Europeu. A medida, que ainda tem de passar pelos parlamentos nacionais, não tem adeptos em Portugal e Rui Agostinho aplaude a posição do primeiro-ministro e, por consequência, do Governo. Em declarações no Fórum TSF, que debateu a questão nesta sexta-feira, Rui Agostinho criticou os que defendem o fim do bi-horário.
"Os dados que nós temos da experiência dos milhões de pessoas que viveram neste país desde 1912, levaram a que se escolhesse nessa altura imediatamente alinhar a hora com o fuso zero", explicou o diretor do Observatório Astronómico de Lisboa.
Rui Agostinho sublinhou que seria um retrocesso manter a mesma hora ao longo de todo ano.
TSF\audio\2019\03\noticias\29\ruiagostinhoobservatorio
"Se os animais e a natureza não têm decretos-lei para a atividade, nós seres humanos temos. Por um lado temos um corpo que quer respeitar as horas de sono, essencialmente controlado pelo sol. Depois temos decretos-lei que dizem que temos de trabalhar às 8h00 e sair às 18h00", vincou, exemplificando o facto de haver muitas escolas que começam as aulas às 8h15.
O investigador critica ainda o facto de o Parlamento Europeu ter aprovado a lei da mudança de hora, cedendo aos "interesses" de "um grupo de pressão", baseando-se num inquérito que foi votado maioritariamente por alemães.
"Corresponde à opinião de um grupo de pressão, porque o grupo de pessoas que não quer o regime bi-horário tem aumentado ao longo dos últimos anos. E depois, o que é estranho é termos uma classe política dirigente a nível europeu, que se baseia num estudo que representa ligeiramente menos de 1% da população total da Europa, que é de 500 milhões", frisou.
Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o primeiro-ministro criticou a medida aprovada no Parlamento Europeu e garantiu que vai bater-se no Conselho Europeu pela uniformização do horário. Para António Costa, a medida não "não faz sentido" e recorda que Portugal já teve "essa experiência".
Enquanto a discussão em torno desta temática continua na União Europeia, a próxima mudança de hora está marcada para domingo. Os relógios devem ser adiantados uma hora às 1h00.