O helicóptero que se despenhou com quatro pessoas a bordo terá desaparecido dos radares pelas 18h30, mas o alerta só chegou à Proteção Civil quase duas horas depois.
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O comandante distrital do Porto da Proteção Civil, Carlos Alves, disse este domingo desconhecer "qualquer atraso nas comunicações" entre bombeiros e aquela entidade no caso do helicóptero do INEM com quatro pessoas a bordo, em Valongo, causando a morte dos quatro ocupantes.
"Não temos indicação de qualquer atraso da comunicação entre os bombeiros e a Proteção Civil. Toda a operação foi iniciada após comunicação da entidade local da Proteção Civil, neste caso o Comando Distrital de Operações de Socorro [CDOS] do Porto, para as corporações de bombeiros locais", afirmou Carlos Alves, em declarações aos jornalistas no local onde decorrem as operações de socorro.
"Tanto quanto sei, os bombeiros foram os primeiros a chegar ao local", acrescentou o comandante, que afirmou desconhecer "qual a primeira entidade a receber o alerta" sobre a queda do helicóptero e garantindo que o aviso chegou à Proteção Civil "às 20h15", cerca de duas horas após o último contacto da aeronave com a torre de controlo.
O aparelho deixou de emitir qualquer sinal pelas 18h30, mas o alerta chegou à Proteção Civil apenas às 20h15.
Carlos Alves disse também que o SIRESP [operadora da Rede Nacional de Emergência e Segurança resultante da parceria público-privada promovida pelo Ministério da Administração Interna] funcionou neste caso.
"O SIRESP funciona. Por vezes, com uma sobrecarga localizada, poderá eventualmente ter quebras."
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É preciso "desencarcerar duas das vítimas" para proceder "à remoção dos cadáveres em segurança". A maior dificuldade prende-se com a inclinação do terreno, tornando-se também necessário limpar o mato para "criar acessos e providenciar formas de estabilizar o solo".
Trata-se de "um processo moroso" em que é necessário acautelar "a segurança dos profissionais envolvidos", ressalvou.
Marta Soares pede "inquérito sério"
Em declarações à TSF, o presidente da Liga Portuguesa de Bombeiros garante que os bombeiros de Valongo foram acionados pela Proteção Civil pelas 20h35.
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O aparelho que fazia a viagem entre o Porto e Macedo de Cavaleiros, Bragança, estava desaparecido desde as 18h30 de sábado e foi encontrado já depois da uma da manhã na Serra de Santa Justa. Todos os ocupantes, dois pilotos e uma equipa médica composta por médico e enfermeira, morreram.
Segundo o Instituto Nacional de Emergência Médica "o incidente ocorreu numa altura em que se verificavam condições meteorológicas bastante adversas".
Este sábado à noite, a partir do local do acidente, o secretário de Estado da Proteção Civil garantiu desconhecer se os bombeiros foram ou não avisados antes da Proteção Civil.
Questionado sobre a ausência de resposta entre a hora provável da queda da aeronave e o momento em que as operações foram desencadeadas, José Artur Neves preferiu deixar essa informação "para as entidades que farão a investigação do sucedido", frisando que "há também que investigar porque razão a aeronave não emitiu o sinal que devia ter emitido".
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José Artur Neves revelou que foi possível encontrar os destroços da aeronave graças à geolocalização do rádio SIRESP a partir da identificação dos telemóveis pela Polícia Judiciária
"Houve várias averiguações por parte da PJ no sentido de identificar os telemóveis das vítimas e conseguiu-se uma coordenada clara a partir do momento em que se identificou o rádio SIRESP, que estava presente na aeronave", explicou.
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A aeronave em causa é uma Agusta A109S, operada pela empresa Babcock, e regressava no sábado à tarde à sua base, em Macedo de Cavaleiros, Bragança, após ter realizado uma missão de emergência médica de transporte de uma doente grave para o Hospital de Santo António, no Porto.
[Notícia atualizada às 12h28]
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