A funcionária recebeu neste sábado o apoio de duas centenas de pessoas que se juntaram numa marcha solidária organizada pela CGTP em Santa Maria da Feira.
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A marcha de solidariedade para com a operária Cristina Tavares, envolvida num despedimento que a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) diz ilícito, reuniu este sábado mais de 120 pessoas num percurso à chuva em Santa Maria da Feira.
A iniciativa contou com a presença do secretário-geral da intersindical nacional, Arménio Carlos, e da coordenadora geral do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, que lideraram a caminhada entre o Parque de Santa Maria de Lamas e a sede da Associação Portuguesa da Cortiça, passando pela residência que o Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte (SOCN) indicou como morada de um dos patrões da empresa Fernando Couto Cortiças S.A..
Foi essa firma que, em 2017, despediu Cristina Tavares com o argumento da extinção do seu posto de trabalho e que, em 2018, foi judicialmente obrigada a reintegrá-la, após o que no passado mês de novembro foi autuada em 31.000 euros pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) por assédio moral à operária e a 10 de janeiro a despediu alegando justa causa por difamação.
Uma ação que a CGTP vai contestar, anunciou Arménio Carlos esta manhã em declarações à RTP. "Este segundo despedimento ilegal (...) é uma atitude de retaliação por parte da empresa, desrespeitando não só uma decisão do tribunal, mas também ignorando o facto de a própria ACT ter reconhecido que a trabalhadora estava a ser vítima de assédio, de humilhação e de um trabalho improdutivo - porque todos os dias trabalhava e isso não servia para nada", declarou Arménio Carlos.
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Apelando a que casos idênticos sejam denunciados aos sindicatos, o secretário-geral da CGTP realçou que a luta de Cristina Tavares "é a de muitos trabalhadores que sofrem os mesmos problemas nos seus locais de trabalho e até agora não tiveram possibilidade de os divulgar ou resolver".
Ouvida pela TVI na marcha desta manhã, Cristina Tavares explicou que o quer "é ir trabalhar".
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Contactada pela Lusa, a APCOR comunicou que "condena todas as práticas discriminatórias, mas não lhe cabe emitir opiniões sobre a legalidade de casos particulares, sobretudo quando estão a ser acompanhados pelas instituições judiciais e civis que tutelam estas matérias".
Fonte oficial desse organismo acrescentou: "Desejamos, e estamos certos que este é também o desejo da empresa e dos seus trabalhadores, que as questões se resolvam nos locais certos e entre as partes interessadas, sem aproveitamentos públicos e mediáticos".
Alírio Martins, presidente do SOCN, referiu que os serviços jurídicos dessa estrutura sindical continuam empenhados em provar que todos os argumentos da Fernando Couto Cortiças S.A. contra Cristina Tavares são "uma aldrabice" e anunciou nova ação solidária para o dia 26 de janeiro: um cordão humano junto à Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, símbolo institucional de uma região que diz "toda monopolizada pelo setor da cortiça".