"Somos todos Centeno." Ministro da Saúde anuncia pagamento de dívidas no setor
No debate de urgência, o PSD acusou o SNS de ser "um protetorado do imperador Centeno". Adalberto Campos Fernandes garante que ontem já foram executados 400 milhões da dívida aos fornecedores.
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Apostado em rejeitar a ideia de divisões no Governo entre os ministérios da Saúde e das Finanças, Adalberto Campos Fernandes elogiou a atuação de Mário Centeno por ter contribuído "para que país tivesse hoje credibilidade".
"Em matéria de rigor orçamental, de sucesso das contas públicas, de crescimento da economia, nós no Governo, eu diria mesmo, somos todos Centeno", respondeu o ministro da Saúde, acusado pelo PSD de "irrelevância política" e ter permitido que a Saúde se tivesse transformado "num protetorado do imperador Centeno".
"O ministro das Finanças é que decide que os concursos para médicos, tão urgentes, devem ser adiados",acusou o social-democrata Adão Silva denunciando ainda que é Centeno quem "determina a quem e quando os hospitais podem pagar as dívidas" e "autoriza a compra de equipamentos médicos e as obras de melhoria ou de ampliação dos hospitais e dos centros de saúde".
"Não vale a pena ir pelo caminho de que existirá um grande cisma no Governo entre o ministro da Saúde e o ministro das Finanças. Esse é um caminho errado e completamente esgotado", sublinhou Adalberto Campos Fernandes.
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Confrontado com as dívidas aos fornecedores na área da Saúde, Adalberto Campos Fernandes manifestou a convicção de que no final da legislatura a situação estará estabilizada.
"Em fevereiro, ainda estávamos com um ritmo de crescimento de dívida que ainda era preocupante, mas felizmente ontem, no final do dia, já tínhamos executado cerca dos 400 milhões dos 500 milhões que tínhamos prometido pagar" anunciou o ministro.
No debate, o PSD citou várias notícias sobre carências em unidades de Saúde em vários locais do país. A deputada social-democrata Fátima Ramos deixou um apelo aproveitando a deixa do ministro:"Não seja Centeno. Olhe para as pessoas".
Em resposta às críticas do PSD e do CDS, Adalberto Campos Fernandes disse ainda que o anterior executivo criou 76 grupos de trabalho, muitos mais do que os 35 criados pelo atual executivo.
Antes, a deputada centrista Isabel Galriça Neto ironizou dizendo que "só falta mesmo um grupo de trabalho para apoiar os grupos de trabalho que o ministro da Saúde vai criando".
Questionado sobre as reivindicações de vários atores da área da Saúde, o ministro da Saúde avisou que "há linhas que não conseguimos ultrapassar para já" porque "as limitações não desapareceram num passe de mágica de um dia para o outro".
Adalberto Campos Fernandes diz que embora "em muitos pontos do país há dificuldades, mas há menos problemas do que havia no vosso tempo", atirou o ministro para as bancadas do PSD e do CDS.
"Somos todos SNS", rematou o ministro, no debate com caráter de urgência sobre o estado da Saúde, solicitado pelo PSD à alegada dependência da Saúde em relação às Finanças, com o PS, através do deputado António Sales, a assumir a defesa do Governo e a acusar a oposição de insistir num "exercício estéril que nada acrescenta à Saúde".