Luís Grilo tinha saído para um passeio de bicicleta e não voltou. Passado mais de um mês, foi encontrado morto em Avis, a 130 quilómetros de casa. Tudo aponta para que a mulher seja a principal suspeita do crime.
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Luís Grilo, o triatleta que esteve desaparecido durante mais de um mês e foi encontrado morto a 24 de agosto , morreu com um tiro na caixa craniana.
Num comunicado divulgado esta quinta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) revela que "os factos terão ocorrido no passado dia 15 de julho, tendo a vítima sido atingida por um disparo de arma de fogo na caixa craniana, o qual lhe terá provocado a morte." E isto, na véspera da mulher ter comunicado o desaparecimento às autoridades.
"Foi recuperada a arma de fogo presumivelmente utilizada na prática do homicídio, bem como foram recolhidos e apreendidos outros elementos de relevante valor probatório", acrescenta a PJ.
Esta quarta-feira, a Judiciária deteve duas pessoas, as principais suspeitas de um crime que as autoridades acreditam ser passional: a mulher da vítima, Rosa Grilo, 43 anos, e o homem de 42, com quem manteria um relacionamento extraconjugal.
"As diligências efetuadas pela Polícia Judiciária, com a relevante contribuição do Laboratório de Polícia Científica" permitiram "concluir pelo envolvimento de ambos", os quais "mantinham uma relação próxima", explica o comunicado.
Os detidos vão ser presentes a tribunal esta sexta-feira, quando ficarão a conhecer as medidas de coação aplicadas.
Um passeio de bicicleta sem regresso
Luís Grilo tinha 50 anos. Morava em Cachoeiras, no concelho de Vila Franca de Xira. Era atleta de triatlo, mas mantinha também, com a mulher, um negócio de informática.
Segundo a versão da mulher, no dia 16 de julho, pelas 16h00, teria saído de casa para um treino de bicicleta. Para trás tinham ficado documentos, levara apenas o telemóvel e o relógio onde cronometrava os tempos de treino.
O jornal Observador conta que a mulher do atleta, Rosa Grilo, participou o desaparecimento à Guarda Nacional Republicana (GNR) quatro horas depois de o marido ter alegadamente saído de casa. Rosa teria estranhado a demora e feito um apelo a que procurassem Luís. As buscas começaram logo nessa noite. Segundo os novos dados, por esta altura, porém, Luís já estaria morto.
A primeira pista surgiu três dias depois do desaparecimento: o telemóvel do triatleta foi encontrado desligado, na beira da estrada, na aldeia dos Casais da Marmeleira, a seis quilómetros de casa.
GNR, PJ, Bombeiros, familiares, amigos e colegas - todos se juntaram nas buscas.
O corpo de Luís só seria encontrado a 24 de agosto - mais de um mês depois de ter desaparecido -, a 130 quilómetros de casa, num caminho de terra batida, junto à localidade de Alcórrego, em Avis (distrito de Portalegre), terra natal da mulher Rosa. Estava sem roupa, com um saco na cabeça e apresentava sinais de violência. Mas as peças do puzzle não estavam completas: a bicicleta onde seguia não foi descoberta.
O local onde estava o corpo de Luís, no entanto, levantou suspeitas que apontaram para Rosa Grilo. Suspeitas que, no início deste mês, a mesma fez questão de negar, em declarações à imprensa: "De todo. Não tenho nada a ver com isso." Sugeriu que, devido aos ferimentos que apresentava, Luís teria provavelmente sido vítima de um acidente rodoviário.
As análises forenses, no entanto, apontam noutro sentido: a causa da morte de Luís Grilo foi a bala de uma arma de fogo. Foi atingido com um tiro na cabeça.
Rosa Grilo, de 43 anos, e o homem, de 42, com quem manteria um relacionamento íntimo extraconjugal, foram detidos esta quarta-feira.
Estão os dois indiciados pelos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida. Arriscam, caso venham a ser acusados e condenados, a uma pena de prisão até 25 anos.