Prisões com "serviços mínimos". Guardas culpam Direção-Geral por motim em Lisboa
Os reclusos do Estabelecimento Prisional de Lisboa recusaram-se a ser fechados nas celas, tendo depois vandalizado um pavilhão da prisão. Tudo devido aos plenários dos guardas prisionais, que vão impedir visitas de familiares, esta quarta-feira, em 30 cadeias.
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O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Jorge Alves, garante que, apesar do motim, os plenários dos trabalhadores mantêm-se e aponta responsabilidades à Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.
O sindicato convocou plenários de trabalhadores em pelo menos 30 estabelecimentos prisionais do país, a decorrer entre as 11h00 e as 17h00 desta quarta-feira. Foram estes plenários que estiveram na origem do motim no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL), por os reclusos não poderem contactar as famílias durante este período.
Na última noite, os reclusos do EPL recusaram-se a ser fechados nas celas, logo após a refeição, tendo depois vandalizado um pavilhão da prisão.
A reunião "decorre da lei", que permite que, por ano, os guardas prisionais usem "15 horas para este tipo de plenários (...), para que os trabalhadores possam discutir os problemas da carreira", explicou Jorge Alves, em declarações à TSF.
Durante o plenário, apenas as tarefas "essenciais e urgentes" serão realizadas nos estabelecimentos prisionais, não existindo visitas aos reclusos durante o período do plenário. Algo que gerou uma onda de insatisfação entre os reclusos, quando souberam da notícia, na última noite.
"O sindicato comunicou à Direção-Geral [de Reinserção e Serviços Prisionais] este plenário já na semana passada. O problema é que o diretor-geral só comunicou as condições da realização do plenário aos diretores das prisões ontem à tarde. E só ontem à noite é que a diretora do EPL comunicou aos reclusos que não iriam ter visitas", afirmou o presidente do sindicato.
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"Nós cumprimos todos os prazos (...). Avisámos com muita antecedência da realização do plenário", disse Jorge Alves. "A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais é que não diligenciou no sentido de evitar esta situação", acrescentou.
Jorge Alves lembra que este é já, pelo menos, o quarto protesto de reclusos este ano (o último havia acontecido em novembro, quando os reclusos vandalizaram o refeitório e a zona prisional), devido à "falta de guardas prisionais e à fraca organização por parte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e dos diretores das prisões", que, muitas vezes, dificultam as visitas. O sindicalista expõe o exemplo do EPL, no qual existe apenas uma guarda feminina para revistar em média, 400 pessoas por dia, atrasando o processo e fazendo com que muito dos reclusos só vejam os seus familiares perto do final da hora da visita.
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O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional acusa mesmo a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais de tentar descartar-se da suas responsabilidades, atribuindo sempre a culpa "ao Governo ou aos trabalhadores", em vez de assumir os erros da "política que adota para as prisões".