
Fernando Fontes/Global Imagens
No dia em que se celebram os 38 anos do SNS, Arnaut revela compreender as razões dos enfermeiros, embora considere que "foi tudo um pouco precipitado".
Corpo do artigo
Só com carreiras estáveis, dignas e com progressão, os profissionais de saúde podem estar motivados, defende António Arnaut, pai do Serviço Nacional de Saúde. "A sustentabilidade do SNS reside sobretudo nas carreiras profissionais de médicos, enfermeiros, técnicos assistentes e operacionais. Só com carreiras estáveis, dignificadas, com formação permanente, possibilidade de progressão, e vencimento condigno é que há motivação dos profissionais e se consegue estancar a sangria dos últimos tempos, em que muitos e qualificados profissionais vão para o setor privado".
TSF\audio\2017\09\noticias\15\antonio_arnaut_1
António Arnaut defende que os profissionais de saúde não são inferiores aos juízes. "Se os juízes tratam da nossa liberdade, dignidade, os médicos tratam da nossa saúde e da nossa vida. Para haver uma certa estabilidade nas carreiras da saúde, não só dos médicos, era executável equipará-los às carreiras dos juízes. Um médico no topo da carreira seria equivalente a um juiz do Supremo, um médico na escala secundária seria equivalente a um juiz da Relação, e os outros médicos seriam equivalentes aos juízes da Comarca. Evidentemente que há aqui um problema da dedicação exclusiva, mas esta ideia pressupõe que existiria uma carreira optativa de dedicação exclusiva".
TSF\audio\2017\09\noticias\15\antonio_arnaut_2
Sobre a greve dos enfermeiros, o pai do SNS conta que conviveu recentemente com a classe e consegue perceber as suas razões, embora considere que "foi tudo um pouco precipitado". "Eu estive internado recentemente bastante tempo. Contactei com eles durante quase dois meses 24 horas por dia, três turnos por dia, e fiquei mais convencido da sua dedicação, do seu esforço, e de alguma injustiça que há nas condições em que trabalham, muitos deles até à exaustão. Vi com simpatia a greve, mas considero que foi um pouco precipitada, porque não se pode pedir ao Governo que resolva em oito dias aquilo que não foi resolvido em 15 ou 20 anos. Eles deram um tiro à queima-roupa e foi um pouco precipitado. Houve alguma influência partidária da bastonária. Essencialmente eles têm razão, mas não têm razão em querer tudo para amanhã. Deviam dar ao Governo um tempo".
TSF\audio\2017\09\noticias\15\antonio_arnaut_3
António Arnaut diz ainda que este "Governo tem uma obrigação especial de defender o Serviço Nacional de Saúde porque foi uma iniciativa de um ministro do Partido Socialista".