O presidente do conselho da administração do Hospital da Cruz Vermelha diz que mesmo um hospital que não viva para o lucro tem que ter saldo positivo, o que não é possível com as tabelas de preços praticadas pela ADSE. Alexandre Abrantes assume que é do interesse de todos encontrar uma solução, sob pena de ninguém querer pagar um subsistema que não funciona.
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O Hospital da Cruz Vermelha, tal como os grupos privados de saúde, não está satisfeito com a tabela de preços convencionados com a ADSE e, mesmo não sendo um hospital que viva para os lucros, o presidente do conselho da administração sublinha que é do interesse dos dois lados chegar a uma solução.
O jornal Público contava esta terça-feira que o Governo conta com o Hospital da Cruz Vermelha, os hospitais do setor social e também o Hospital das Forças Armadas como alternativas aos maiores grupos privados de saúde que ameaçam denunciar as convenções com a ADSE. Dois destes grupos, os hospitais CUF e a Luz Saúde cumpriram a ameaça e fizeram saber em comunicados internos que suspendem o acordo com o subsistema de saúde dos funcionários públicos.
Alexandre Abrantes, presidente do Hospital da Cruz Vermelha, numa entrevista esta terça-feira à TVI revelou que os atuais preços fazem o hospital perder 10% por cada doente e explica que as tentativas de negociação e diálogo com a ADSE são sempre muito difíceis.
"Há um ano, um ano e pouco, tentámos negociar com a ADSE um acordo de cuidados preferenciais para os doentes da ADSE, em que nós quereríamos um acolhimento privilegiado para os beneficiários da ADSE. Depois, as negociações não progrediram por causa do assunto das tabelas. Nas tabelas que nos apresentaram íamos perder 8% de faturação. Em relação à faturação, íamos ter um prejuízo de 8%. Ora, não é possível. Mesmo um hospital que não vive para fazer lucros e distribuir dividendos tem que ter um saldo positivo no fim do ano, senão não é sustentável e não pode estar no mercado."
O presidente do conselho da administração disse ainda que falta flexibilidade para negociar.
"É preciso que a equipa da ADSE tenho um pouco mais de jogo de cintura em relação às negociações e, se calhar, também os outros parceiros. Eu até tenho fama de ser bom negociador e tive muita dificuldade - aliás, incapacidade - de negociar o acordo com a ADSE, porque a maneira de negociar daquela equipa, que não é a mesma felizmente, embora alguns membros sejam os mesmos. Não tinha jogo de cintura para fazer uma negociação profissional. Os interesses de uns e dos outros são os mesmos. Não há soluções fora de ADSE e privados, portanto, se não há encontro desaparece a ADSE. As pessoas não vão pagar 3,5% para ir ao Serviço Nacional de Saúde."