Médicos cubanos podem ser "alternativa", mas bastonário quer apoio aos portugueses
Miguel Guimarães sugere à ministra da Saúde que ofereça melhores condições de trabalho aos médicos nacionais para que os mesmos não se afastem do Serviço Nacional de Saúde.
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O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, admite que não sendo uma solução ideal, a contratação de médicos estrangeiros, pode ser uma alternativa ao facto de não haver médicos em algumas localidades do interior.
A embaixadora cubana em Portugal disse, esta sexta-feira, que Cuba tem "toda a disposição" para continuar a colaborar com o Governo para a colocação de médicos nas zonas onde fazem mais falta.
Miguel Guimarães sublinha, em declarações à TSF, que além das dificuldades no domínio da língua portuguesa, a formação médica é diferente da portuguesa.
"Apesar de os médicos cubanos não terem exatamente a mesma formação que os médicos portugueses, nomeadamente nas áreas em que estão a trabalhar - estão a fazer Medicina Geral e Familiar, ou seja, fazem de médicos de família", explica o bastonário, área para a qual não há "propriamente" preparação em Cuba. "Os nossos especialistas fazem quatro anos de especialidade" na área, reitera.
Ainda assim, e apesar dessas diferenças, o bastonário explica que estes médicos têm estado "em sítios onde, de facto, não existem médicos", locais esses que "são mais distantes e não têm sido escolhidos pelos nossos médicos".
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Admitindo que esta é, então, é uma "alternativa" que permite resolver os problema causados por essas opções, Miguel Guimarães reforça que "o ideal seria termos os nossos médicos colocados no país todo, devido ao seu domínio completo da língua portuguesa - essencial na relação médico-doente - e também devido à sua formação, que é das melhor a nível internacional".
Conhecida a posição de Cuba, a embaixadora vai ainda reunir-se com a ministra da Saúde, a quem Miguel Guimarães deixa uma recomendação: que ofereça melhores condições de trabalho aos médicos portugueses.
"O conselho que dou é que, antes de pensar em contratar médicos estrangeiros, contrate os nossos médicos e ofereça melhores condições de trabalho", atira o bastonário, explicando que as condições oferecidas aos especialistas estrangeiros são "melhores" do que as oferecidas aos nacionais.
Reforçando a necessidade de "criar condições adequadas a vários níveis" e admitindo que tal não tenha exatamente a ver com remunerações - embora os médicos portugueses sejam "mal pagos" - Miguel Guimarães explica que não é o salário que faz com que os médicos escolham ficar no SNS.
"São as condições de trabalho, são as condições de fazer formação contínua, são os apoios que possam ter na participação em cursos, o acesso a novas tecnologias" e ainda "a existência de um projeto que possam desenvolver", explica.
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O bastonário da Ordem dos Médicos deixa ainda elogios ao pacote de incentivos criado pelo antigo ministro Adalberto Campos Fernandes, mas sublinha que ainda há muito por fazer para evitar a fuga de médicos do Serviço Nacional de Saúde.
"O pacote acabou por funcionar, foram ocupadas todas as vagas com incentivos, mas acho que podemos ir mais longe e, se calhar, sem gastar muito mais, podemos ter condições que levem os nossos médicos a escolher ficar no nosso país", acredita o bastonário.
"Depois, naturalmente, eles acabam por ficar nas zonas mais carenciadas", que precisam de ter um "foco especial em termos de desenvolvimento" mais que para os médicos, para a "sociedade em geral".
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