Azeredo Lopes soube da encenação montada, garante investigador da PJM. Ministro desmente
O advogado do investigador da Polícia Judiciária Militar adianta que as responsabilidades pelo furto das armas em Tancos "poderão ser alargadas para além daqueles que já foram constituídos arguidos."
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Major Vasco Brazão, investigador da Polícia Judiciária Militar, terá assegurado ao juiz de instrução do caso Tancos ter dado conhecimento a Azeredo Lopes da encenação montada na Chamusca, mais de um mês após a recuperação do arsenal, noticia o Expresso que acrescenta que o Ministro da Defesa nega ter tido qualquer conhecimento. O advogado do major, Ricardo Sá Fernandes adianta que as responsabilidades pelo furto das armas em Tancos "poderão ser alargadas para além daqueles que já foram arguidos."
De acordo com o semanário, no final do ano passado, e já depois das armas terem sido recuperadas, o major Vasco Brazão, investigador da Polícia Judiciária Militar (PJM), e o diretor daquela polícia, coronel Luís Vieira, terão dado conhecimento ao ministro da Defesa da encenação montada em conjunto com a GNR de Loulé em torno da recuperação das armas furtadas nos paióis de Tancos.
São afirmações que terão sido avançadas esta terça-feira pelo investigador da PJM ao juiz de instrução durante o interrogatório de oito horas no Campus da Justiça.
Confrontado pelo Expresso, o ministro da Defesa ter-se-á recusado a comentar a informação dada por Vasco Brazão ao tribunal, invocando o segredo de justiça. Contudo, questionado pelo mesmo jornal sobre se foi ou não informado da operação de encobrimento na recuperação das armas de Tancos, o ministro da Defesa terá respondido categoricamente que "não". Nem antes de essa operação ter sido realizada, em outubro, nem depois dela, no final do ano de 2017, avança o semanário.
À saída do interrogatório desta manhã, o advogado do militar envolvido no caso de Tancos, sublinhou que não pode comentar o que foi dito perante o juiz de instrução, mas garantiu que o seu cliente "tem um compromisso com a verdade" que irá manter e acrescentou que o major Vasco Brazão está arrependido do que fez.
Para além disso, Ricardo Sá Fernandes admitiu a possibilidade de existirem mais arguidos: "Todas as responsabilidades devem ser apuradas e, eventualmente, essas responsabilidades poderão ser alargadas para além daqueles que já foram arguidos."