Há seis anos que não existiam tantos mortos em ações policiais.
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A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) alerta que é "altamente preocupante" que 35% das queixas que recebe pelo Ministério Público e cidadãos envolvam alegadas ofensas à integridade física por forças de segurança.
O aviso consta no relatório de 2016, só agora publicado, desta entidade do Estado responsável por fiscalizar o trabalho das forças de segurança.
O documento lido pela TSF revela que das 730 participações recebidas nesse ano 255 envolvem ofensas à integridade física, um número que para a IGAI é "muito elevado" e "exige uma análise mais aprofundada das circunstâncias que o determinam".
O relatório da IGAI apresenta, no entanto, outros alertas. Em 2016 quatro pessoas morreram durante operações policiais, o número mais alto dos últimos seis anos, com o documento a sublinhar que em 2015 (mas também em 2014) tinham sido zero.
IGAI tem falta de inspetores
A Inspeção-Geral da Administração Interna também está preocupada com a falta de funcionários. O mapa de pessoal aprovado prevê 48 mas na realidade em 2016 foram apenas 36, o número mais baixo dos últimos sete anos.
Dos 14 inspetores previstos, apenas 8 estavam de facto ao serviço, sendo que o documento defende, aliás, que é na área inspetiva que se sentem mais dificuldades, com uma falta de pessoal que teve um efeito "notório" na capacidade de resposta da IGAI.
Uma "insuficiência de recursos humanos", assumida, que obriga a IGAI a dizer que tem de ser seletiva naquilo que faz dando prioridade aos casos mais importantes.
Mais processos pendentes
Perante a falta de pessoal, não será de estranhar que a inspeção-geral das polícias tenha acabado dezembro de 2016 com 610 processos pendentes, mais 114 que em janeiro.
Para 2017 uma das prioridades da IGAI identificada no relatório é reforçar o quadro de inspetores para conseguir fechar mais rapidamente "os processos de averiguações, inquéritos e processos disciplinares em que existam violações graves dos direitos, liberdades e garantias por agentes das forças de segurança".