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No dia de aniversário do Dalai Lama, conversámos com alguém que se converteu ao budismo depois de ter conhecido o líder espiritual, um homem que traz "uma paz invulgar".
Carlos Quintas era, em 2001, um empresário à procura de paz interior. "Toda a gente tem esse problema", analisa, "passamos a vida a correr atrás de coisas e nunca nos satisfazemos com o que temos".
Um dia alguém lhe ofereceu um livro do Dalai Lama. Quando o líder espiritual budista veio a Portugal, Carlos foi assistir a uma conferência. Rendeu-se: "Há qualquer coisa que se sente na presença dele que nos traz alguma paz que é um pouco invulgar".
Uma paz invulgar. A vida de Carlos Quintas mudou. "Tinha uma empresa de sucesso, fazia desportos radicais, mas queria sempre mais", recorda, sublinhando que querer mais não é necessariamente mau. O que é preciso é cortar com a dependência, treinar a mente para isso.
"Ter a coisa não é o problema, o problema é estar altamente dependente de ter essa coisa e, se não a tiver, sofrer". Sendo que, quando a tem, também "sofre porque tem medo de a perder". E essa "cola", diz Carlos Quintas, não se aplica apenas às coisas materiais, mas também às relações e às pessoas. "Temos apego a tudo", conclui.
O desapego "ajuda-nos a tirar mais prazer das coisas da vida", diz. Com o budismo, treina-se também a generosidade e a compaixão: "O desejar que os outros sejam felizes é, no fundo, a definição do amor". É treinar um "egoísmo inteligente".
Todos os dias, Carlos, que agora é investidor imobiliário, dedica algumas horas à meditação. "Quando se fazem retiros intensivos, são 8 a 10 horas pelo menos. No dia a dia, é o que se pode, mas são sempre algumas horas".
São horas em que se exercita a paz e a felicidade.