
O livro "A noite mais longa" retrata a coincidência de, no dia 6 de setembro de 1968, quando Salazar é operado, acontecer em Bicesse (Cascais), o "baile do século", promovido pelo milionário boliviano Antenor Patiño.
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O jornalista e investigador Miguel Pinheiro explora, na obra "A noite mais longa" (Esfera dos Livros), a coincidência de, no dia 06 de setembro de 1968, quando o presidente do conselho de ministros e líder da ditadura do Estado Novo, António de Oliveira Salazar, é operado, acontecer em Bicesse, no concelho de Cascais, o "baile do século", promovido pelo milionário boliviano Antenor Patiño e a sua segunda mulher, Beatriz.
«Dividida entre o hospital [da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde decorre a operação ao líder do regime] e a festa, a cúpula do regime percebe que o seu poder está a acabar», escreve Miguel Pinheiro.
A obra, que conta «a história daquelas 13 horas intermináveis», inclui documentos e depoimentos inéditos.
Um dos factos claramente apurados pelo autor, é que a queda de Salazar da cadeira, no forte de Santo António, no Estoril, concelho de Cascais, quando estava de férias, foi no dia 1 de agosto e não em dias seguintes, como apontava a historiografia. A fonte é uma carta do calista Augusto Hilário, existente no arquivo de Oliveira Salazar.
Entre os depoimentos, constam os de dois médicos que participaram na cirurgia a Salazar, tornando possível, «contar como tudo se passou dentro da sala de operações», afirma Miguel Pinheiro.