
Rui Tukayana/TSF
A arte xávega, de que fala a Reportagem TSF desta semana, é um tipo de pesca centenário que, na Europa, se pratica apenas em Portugal. É também uma pesca mal-vista pelas instituições europeias.
Há pouca segurança a bordo e os barcos de madeira trazem para o areal peixe que muitas vezes é imaturo e não pode ser vendido nas lotas. «Nós não usamos equipamento eletrónico e nunca sabemos que peixe é que vem nas redes. É por isso que esta é uma arte cega» dizem os homens do mar.
Muitas vezes, o resultado da xávega é imenso peixe desperdiçado, que, segundo as leis, tem de ser devolvido ao mar, já meio-morto. Presa fácil para as gaivotas.
Os pescadores gastam dinheiro e arriscam muito para pouco ou nada obterem em troca.
É contra essa proibição que os pescadores lutam. Não querem estar debaixo das mesmas regras que a pesca industrial. Querem poder vender aquilo que vier nas redes. Se forem carapaus demasiado pequenos param e só voltam ao mar quando a maré for outra.
Às autoridades nacionais e europeias dizem que são menos de cinquenta os barcos em operação e que o peixe pequeno que capturam em nada se compara com os traineiras e arrastões.
É esta pesca que reportagem TSF foi conhecer. "A arte cega" conta as aventuras dos homens da arte xávega. Gente que vive no areal, vende cavala a um cêntimo o quilo, morre afogada em frente aos familiares, salva golfinhos, assa peixe como ninguém e que vende carapauzinhos acabados de apanhar, de forma completamente ilegal mas aos olhos de todos.
"A arte cega" de Rui Tukayana e Joaquim Dias vai para o ar esta quinta-feira, depois do noticiário das 19h.