
BBC
No arquipélago que habita no oceano Atlântico há uma descoberta que vale a pena fazer. Diz a BBC, onde o escritor Simon Calder escreve sobre o novo destino das companhias low cost.
A crónica reza e começa assim: "Quando aterrei em Santa Maria, fiquei desapontado por não encontrar uma placa com algo do género: "Benvindo à ilha Concorde". Mas poucos segundos depois fiquei animado. Encontrei o Bar Concorde com cerveja a preço dos anos 80.
Nessa época, a Ilha Concorde, como lhe chamo, era um dos locais de elite servido pelo avião anglo-francês. Como a Venezuela cresceu rapidamente devido ao petróleo, a Air France decidiu fazer uma ligação Paris-Caracas.
O avião não tinha capacidade para armazenar o combustível necessário para fazer a viagem sem paragens, por isso a ilha de Santa Maria foi o local eleito para o reabastecimento. Foi assim que os ricos e poderosos "descobriram" o Bar Concorde, onde iam esticar as pernas enquanto o avião era abastecido.
Cheguei à ilha no único voo programado do dia. Eu era o 13º e último passageiro a sair do avião. Há muito que eu gostava de visitar a Ilha Concorde. Até este ano só era possível viajar para os Açores através da companhia aérea de bandeira, a TAP. Entretanto, o governo de Lisboa decidiu deixar cair as barreiras às portas da época alta de verão.
As duas maiores companhias low-cost da Europa decidiram apostar na ligação entre Lisboa e Ponta Delgada. Por uma viagem que é rápida, a Ryanair e a Easyjet cobram cerca de 30 euros.
Para os residentes nos Açores, Portugal Continental Europa deixou de ser uma extravagância ou uma aventura só para um fim-de-semana. Para o turismo local a expectativa é de que o número de visitantes cresça. Um aspeto que preocupa quem vive no meio da beleza da ilha de Santa Maria. Jetti, uma mulher já nos 50, "adotou" a ilha. Há quatro anos, ela decidiu abandonar a sua casa no Luxemburgo e agora mora aqui com o seu pequeno chihuahua, Jimmy.
Encontrei-os numa tarde ventosa, na Maia, uma pequena vila de pescadores junto às encostas vulcânicas e vertiginosas perto do oceano. É o local mais longe que se consegue ir através da estrada. O barulho da pista onde aterram os aviões ouve-se.
"Isto é bom para os turistas, não para nós", diz Jetti enquanto procurávamos um local para tomar café. Jetti faz parte da comunidade de uma centena de estrangeiros que vive na ilha para escapar às multidões. Ela tema, agora, que a ilha perca o seu caráter com a chegada de turistas à Praia Formosa.
Santa Maria, diz ela, é conhecida como o "Algarve dos Açores" e pode atrair muita gente do norte da Europa.
Um pouco acima da praia encontro um opinião divergente. A de Avelino, um construtor civil. Mais visitantes, diz ele, significa mais postos de trabalho e mais motivos para os mais jovens se fixarem na ilha de Santa Maria.
Avelino e o irmão estão a dar os últimos retoques num conjunto de cabanas. Ele está a ressuscitar velhos edifícios à espera de determinado tipo de turistas. "Os amantes da natureza não gostam de banhos de sol", procuram solidão e serenidade, acrescenta. Uma experiência para um nicho, tal como o Concorde".