O Centro Judeu de Dix Hills, em Long Island, no estado de Nova Iorque, vai celebrar este domingo o 75º aniversario da Noite dos Cristais com um serviço de homenagem ao diplomata português Aristides de Sousa Mendes.
Corpo do artigo
A "Noite dos Cristais" (conhecida entre os judeus dos Estados Unidos por Kristallnacht, o termo alemão) é o nome dado aos atos de violência que ocorreram na noite de 9 de novembro de 1938 na Alemanha e na Áustria, então sob o domínio nazi, em que se destruíram sinagogas, lojas, casas e se agrediram pessoas identificadas como judias.
Numa única noite, 91 judeus foram mortos e de 25 mil 30 mil foram presos e levados para campos de concentração. A noite é considerada um prenúncio do que viria a ser o Holocausto.
«Os eventos da Kristallnacht acabaram com todas as ilusões sobre a Alemanha Nazi. Na noite de 9 de novembro de 1938, enquanto o céu escurecia, uma realidade ainda mais negra tornava-se evidente», disse o said Rabbi Howard R. Buechler, do Centro Judeu de Dix Hills.
A cerimónia de homenagem a Sousa Mendes vai contar com a participação de Olivia Mattis e Eric Moed, dois americanos descendentes de judeus que receberam vistos emitidos pelo cônsul português.
Os dois americanos descobriram já adultos que as suas famílias tinham recebido estes vistos e a notícia teve um efeito transformador nas suas vidas.
Mattis, cuja família recebeu 12 vistos, acabou por ser uma das co-fundadoras da Sousa Mendes Foundation, de que hoje é vice-presidente.
A americana está envolvida no projeto da Sousa Mendes Foundation que tenta localizar as pessoas que receberam os vistos ou as suas famílias, precisamente a iniciativa através da qual a família de Moed soube como tinha sido salva.
Eric Moed acabou por tornar o projeto de reabilitação da casa de Sousa Mendes, em Cabanas de Viriato, no seu trabalho de final do curso de arquitetura.
O americano é também o autor do museu semi-permanente que esteve montado em Cabanas de Viriato em junho e que venceu uma bolsa da Fundação Benetton.
Sousa Mendes era cônsul de Portugal em Bordéus em junho de 1940, quando desafiou as ordens do governo português e continuou a emitir milhares de vistos, que se calcula terem salvo cerca de 30 mil pessoas.