Na edição deste mês - dedicada ao mundo que fala a língua de Camões - a revista britânica Monocle reserva algumas páginas aos Açores, esboçando propostas mais ou menos delirantes para projetos de grande impacto.
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Porque não fazer nos Açores a base de uma tv global em português? Porque não uma mega-prisão a "alcatraz do atlântico"? Ou uma universidade da lusofonia, de todos os sotaques e todas as cores? E porque não explorar, mais a fundo, o oceano ou dobrar o pescoço avaliando outras possibilidades no firmamento?
A TSF foi à procura de algumas opiniões a estas propostas da revista Monocle.
Já houve um grupo de trabalho a estudar a hipótese de instalar um rádio telescópio nos Açores, que ia funcionar em rede com outros espalhados pelo mundo de modo a garantir uma maior cobertura do céu.
O projeto não foi para a frente mas Miguel Ferreira, investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e professor na Universidade dos Açores, explica que a região tem um elevado potencial na área da radio-astronomia.
Alguns passos já foram dados. O governo regional e o Instituto Geofísico Espanhol estabeleceram mesmo um protocolo para a instalação de antenas rádio, mas é um projeto que vai servir sobretudo para estudar o movimento das placas tectónicas.
Nos Açores, Miguel Ferreira já testemunhou o encanto dos investigadores estrangeiros pela região. Por isso, o astrofísico acredita que o turismo científico tem pernas para andar.
É uma ideia que agrada a Onésimo Teotónio de Almeida. Natural dos Açores, o professor de Estudos Portugueses e Brasileiros na Universidade de Brown, nos Estados Unidos, defende que o arquipélago têm potencial para atrair investigadores estrangeiros e acredita que as comunidades portuguesas podem dar uma ajuda.
Já a ideia de criar uma universidade da Lusofonia de forma a atrair investigadores de países como o Brasil ou Angola, é uma ideia que não convence Onésimo Teotónio de Almeida.
Os Açores ficam em pleno Oceano Atlântico, numa posição geo-estratégica especial. É neste arquipélago, na ilha Terceira, que os norte-americanos têm uma base militar, e foi também nos Açores que Durão Barroso, George W. Bush, Tony Blair e Aznar se juntaram, em 2003, para a famosa cimeira que decidiu a guerra no Iraque.