O presidente da Associação Portuguesa dos Bombeiros Voluntários diz não se pode pedir a bombeiros que façam 700 quilómetros, combatam um incêndio e regressem a casa durante a noite.
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A Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários defende que deve haver «bom senso» na deslocação de bombeiros para o combate a incêndios, o que não aconteceu no recente incêndio no Algarve.
Após dois bombeiros de Santo Tirso terem ficado feridos, um em estado grave, quando regressavam do combate a um incêndio na Serra do Caldeirão, o presidente desta associação quer que sejam apuradas responsabilidades em relação a este acidente.
Sobre esta situação, Rui Silva entende que este é «mais um exemplo da falta de cuidado e de bom senso das estruturas que nos comandam relativamente à deslocação de meios».
«Não compreendo como se pode pedir a alguém que faça 700 quilómetros para o teatro de operações e os volte a repetir no regresso a casa com horas e horas de trabalho mais a quilometragem que se faz no teatro de operações», explicou.
Rui Silva considera que situações como uma desmobilização de um incêndio às 20:00 e o regresso durante a noite numa viagem que demora dez horas não pode ser mais que um «convite ao acidente e à morte dos bombeiros voluntários».
Este dirigente defendeu por isso que estes grupos de reforço façam as viagens para locais afastados de autocarro ou de comboio para evitar o cansaço dos bombeiros, sendo que a viatura deve ser conduzida por alguém que não combata o fogo.
«Não vou permitir que se continue a perder vidas humanas de uma forma intolerável num país que se diz civilizado. Não concordo e estou indignado», concluiu.