Bandeiras de Portugal, a par das dos EUA, Espanha, França e Itália, foram queimadas na segunda-feira por manifestantes na capital boliviana, que protestavam contra os governos destes países.
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O Presidente boliviano, Evo Morales, acusou aqueles governos de terem dificultado a sua viagem aérea na última semana na Europa, depois de ter sido impedido de sobrevoar ou de aterrar nestes países, por desconfiança de que seguia a bordo o perito em informação que trabalhava para a CIA Eduard Snowden, procurado pelos Estados Unidos por alegada espionagem.
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O incidente levou hoje o embaixador russo na Bolívia, Alexey Sazonov, a considerar que "a Guerra Fria continua", adiantando que a Rússia entende o ocorrido como um facto "inamistoso" para consigo "da parte de França, Portugal, Espanha e Itália".
Entre os manifestantes estavam milhares de mulheres indígenas aimaras, que ocuparam durante várias horas o centro de la Paz e a Avenida Arce, uma das principais vias da cidade.
Nesta avenida estão as sedes de várias embaixadas, designadamente a dos EUA e a de Espanha.
"Estamos muito doridos pelo que aconteceu e pela discriminação feita por Estados Unidos, Espanha, Itália, Portugal e outros países" ao Presidente Evo Morales, disse o dirigente máximo do setor comercial da cidade vizinha de El Alto, Braulio Rocha.
Os manifestantes também pediram a expulsão dos embaixadores daqueles países, por considerarem que o tratamento dispensado ao dignatário boliviano foi uma ofensa ao povo da Bolívia.
Os manifestantes incendiaram um caixão com o nome do Presidente dos EUA, Barack Obama, e as bandeiras dos países europeus implicados no incidente.
Atiraram ainda petardos contra a instalação diplomática norte-americana, durante várias horas.
À cabeça da manifestação estavam pessoas com máscaras de burro, que transportavam as bandeiras dos países europeus que, segundo o Executivo de la paz, ofenderam Evo Morales.
Na semana passada, o avião do Presidente boliviano teve de aterrar em Viena, depois de França, Itália e Portugal se terem recusado a autorizar o trânsito, por suspeitas de o ex-analista da CIA Edward Snowden estar a bordo.
O governo de Espanha já negou que tenha proibido o avião de Morales sobrevoar ou aterrar no território espanhol, recordando que permitiu que realizasse uma escala técnica na ilha Grande Canária.
Mas Morales sentiu-se ofendido pelo tratamento que recebeu do embaixador espanhol na Áustria, Alberto Carnero, que, disse, lhe pediu para subir a bordo, de forma a constatar que Snowden não estava no avião.