Dois amigos pasteleiros, um de Montemor-o-Novo e outro de Barcelos introduziram ingredientes como groselha negra, violeta, pera ou gengibre no bolo-rei.
Corpo do artigo
Francisco Gomes, da Confeitaria Colonial, em Barcelos, lançou o desafio há cerca de três anos ao seu colega de profissão, António Melgão, da Pastelaria Capri, em Montemor-o-Novo, para desenvolverem, todos os anos, novas versões do bolo-rei e trocarem ideias sobre as receitas.
O "bolo-rei de autor" de Francisco Gomes é este ano dedicado a Gaspar, um dos "Três Reis Magos", e foi confecionado com ingredientes diferentes do tradicional, como pera, avelã e limão, sendo o "brioche" mais rico em manteiga.
«Estamos na saga dos Reis Magos e, este ano, calhou-nos o Gaspar, por obra e graça. Até tem a sua piada», realça à agência Lusa Francisco Gomes, da gerência da confeitaria, aludindo ao facto de aquele ser também o apelido do ministro das Finanças.
Na vitrina da pastelaria Capri, numa das principais ruas de Montemor-o-Novo, "saltam à vista" de quem passa os bolos, os bombons e os chocolates, mas é o bolo-rei que, durante a quadra do Natal, assume o "papel principal".
Lá dentro, enquanto prepara mais uma "fornada" de bolos-reis, o pasteleiro e empresário António Melgão conta à Lusa que o seu é «diferente do tradicional», não só nos "ingredientes", como em "todo o processo" de confeção.
«Não tem as frutas cristalizadas», que «nem toda a gente aprecia» e que «foram substituídas por frutas em compota e caramelo», a que se junta «amêndoa torrada em cubos e pepitas de chocolate», descreve o pasteleiro de Montemor-o-Novo.
Esta versão do bolo-rei tem «um recheio à base de 'praliné' crocante, compota de cassis (groselha negra) aromatizada com violeta» e, no seu interior, leva «nozes e amêndoas também caramelizadas».
O pasteleiro de Montemor-o-Novo diz que os dois fazem parte de «um tipo de profissionais» que tenta «aprender novas técnicas, conceitos e receitas» para «fugir à crise» e «tentar conquistar os clientes com outros sabores», apresentando «alternativas sem fugir muito ao tradicional».