Os sinos e carrilhões do Palácio de Mafra, que aguardam há dois anos obras de recuperação, são concorrentes aos 'Sete sítios mais ameaçados na Europa', classificação atribuída pelo movimento de salvaguarda do património Europa Nostra.
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O Centro Nacional de Cultura, entidade que representa a organização Europa Nostra a nível nacional, confirmou hoje à agência Lusa que foi entregue uma candidatura do Palácio de Mafra nesse sentido.
O programa, lançado em 2012, já colocou o Mosteiro e Igreja de Jesus, em Setúbal, como um dos sete sítios mais em perigo na Europa e tem o prazo de candidaturas a decorrer até ao dia 24.
Com a classificação, a Europa Nostra visa não apenas a identificação dos monumentos mais ameaçados, mas também apelar à necessidade de recuperação, com o envio de peritos para visitar os locais e encontrar soluções de intervenção e de financiamento.
A recuperação dos sinos e carrilhões de Mafra é considerada urgente não só por haver sinos presos por andaimes, mas também para o avanço da candidatura a Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)
«Com os sinos escorados, não se pode avançar com uma candidatura à UNESCO para, como esperamos, o palácio ter a classificação de Património Mundial em novembro de 2017, aquando da comemoração dos 300 anos após o lançamento da primeira pedra da sua construção», alertou em outubro à agência Lusa o presidente da associação, Rogério Bueno de Matos.
Dois anos depois de a Secretaria de Estado da Cultura ter anunciado a verba de 1,8 milhões de euros para a recuperação dos sinos e carrilhões, sem que as obras tenham avançado, a associação lembrou que, «como os sinos estão escorados por andaimes, não caem, mas a estabilidade vai piorando, porque as estruturas de madeiras que suportam os sinos vão-se degradando cada vez mais» à espera de uma intervenção.
Nessa data, a diretora-geral do Património Cultural de Lisboa e Vale do Tejo, Isabel Cordeiro, afirmou à Lusa que ainda não há data para iniciar as obras, estando a decorrer duas candidaturas a fundos para encontrar fontes de financiamento.
Desde há vários anos que foram colocados andaimes a segurar alguns sinos, o mais pesado com 12 toneladas, para garantir a segurança deles e das pessoas que passeiam na frente do palácio, uma vez que as respetivas estruturas de suporte estão apodrecidas.
Os da torre norte não têm obras desde 1928.
Os dois carrilhões e 119 sinos, que marcam as horas e os ritos litúrgicos, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, sendo, a par dos seis órgãos históricos, o património mais importante do palácio.
Os seis órgãos históricos voltaram a tocar desde 2011, após uma década de restauro de 10 milhões de euros, que mereceu em 2012 a distinção pela Europa Nostra.
Desde 2011 que os visitantes esgotam os concertos dos seis órgãos históricos da basílica, cujo restauro de 10 milhões de euros foi inaugurado nesse ano e é exemplo do retorno que o investimento teve.
Em 2012, o palácio foi visitado por 236 mil turistas.