O Centro Dramático de Évora diz que há dívidas da autarquia ao grupo e que os subsídios do Estado foram muito abaixo do prometido. A autarquia diz que o Cendrev não tem público nem receitas.
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O Centro Dramático de Évora cancelou dos dois espetáculos com os bonecos de Santo Aleixo que tinha agendado para dezembro, isto após terem sido suspensos metade dos contratos com os trabalhadores do Cendrev devido a problemas financeiros.
Em declarações à TSF, o diretor deste centro diz que estes problemas financeiros deveram-se em parte ao facto de existirem dívidas da autarquia ao Cendrev, mas também porque o grupo não recebeu a totalidade dos 315 mil euros de apoios estatais.
«Só recebemos 195 mil euros, portanto, foi uma redução brutal e substancial», explicou José Russo, que lembrou que a autarquia não paga o que deve ao grupo desde o segundo semestre de 2009.
José Russo adiantou ainda que houve atores que foram obrigados a suspender o seu contrato para ter os benefícios do subsídio de desemprego, uma vez que o «Cendrev não tem condições de assegurar os salários de toda a gente».
«Temos cerca de três meses de salários em atrasos e entre atores, técnicos e administrativos somos 14 pessoas», concluiu.
Por seu lado, o autarca de Évora entende que o Cendraev não tem público nem receitas e por isso considera que este centro «não deve procurar subsídios, mas deve procurar ter público e fazer espetáculos com a gente».
«É uma pena que os bonecos de Santo Aleixo, espetáculo de origem popular e que era levado a cabo em feiras, cujos atores e donos da empresa viviam dos bonecos de Santo Aleixo, estejam dependentes de subsídios para aparecer em público», explicou.
José Ernesto Oliveira lembrou ainda que o «subsídio não pode ser entendido como uma responsabilidade que se tem para com um empregado», mas é uma «ajuda pecuniária» para além de outras ajudas como transportes, telefones, água, luz.
O autarca lembrou que a câmara de Évora «paga todos os meses a manutenção do teatro», que «representa à volta de cem mil euros por ano».