Os manifestantes não gostaram do facto de a estátua ter aparecido de surpresa numa rotunda de Braga quando metade da cidade «é capaz de estar a banhos».
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Cerca de uma centena de pessoas manifestaram-se, esta segunda-feira, contra a edificação de uma estátua do cónego Melo, que foi vigário-geral da arquidiocese de Braga, mas que os manifestantes ligam ao «Estado Novo e a Salazar».
Revoltando e inconformados com esta estátua, os manifestantes, na sua maioria comunistas e bloquistas, gritaram «democracia sim, abaixo a estátua».
O líder do movimento contra a edificação desta estátua admitiu que os amigos do cónego Melo tem o direito de fazer esta estátua, mas contestou o direito destes, junto com uma autarquia em fim de mandato, de colocar a estátua num local público.
A estátua, construída há mais de dez anos, apareceu de surpresa na rotunda do Monte dos Arcos no sábado, depois de ter sido prometida para outubro, após as eleições autárquicas.
«É o que podemos achar uma chico-espertice. Apanharam as pessoas desprevenidas para não haver movimentos de contestação organizados», acrescentou Henrique Botelho.
O líder deste movimento lembrou ainda que a estátua apareceu em agosto, quando «metade de Braga é capaz de estar a banhos», e ironizou que esta «foi uma boa altura para fazer uma afronta aos democratas da cidade».
O bloquista José Soeiro não teve dúvidas em dizer que «esta estátua desonra não apenas Braga, onde é colocada, mas desonra todo o país e, sobretudo, fere violentamente a memória dos que foram vítimas da ação terrorista do cónego Melo».
Por seu lado, Pedro Carvalho, do PCP, lembrou que esta estátua surge «no aniversário às sedes do Partido Comunista, onde foram destruídas e saqueadas sedes», algo que teve «cobertura moral e operacional deste homem sinistro dentro da Igreja».
«Era um fascista bracarense que contribuiu com ações armadas contra o regime democrata que se instalava no 25 de abril», acrescentou.