Cientista que defende teoria da extinção dos dinossauros por asteróide 5.ª feira no Porto
A Universidade do Porto anunciou hoje que o investigador Walter Alvarez, que confirmou a teoria da extinção dos dinossauros devido ao impacto de um asteróide no planeta Terra, participa na quinta-feira numa conferência, na Fundação de Serralves.
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Nesta visita a Portugal, a convite do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, em parceria com a Fundação de Serralves, Walter Alvarez irá explorar dois aspetos da relação histórica de Portugal com os continentes e os oceanos, que tiveram lugar a escalas temporais distintas.
No encontro, apresentar-se-á uma nova perspetiva, desenvolvida em colaboração com o historiador de ciência Henrique Leitão, sobre as fronteiras que separam os continentes dos oceanos traçadas pelos portugueses. Esta defende que «as viagens de exploração empreendidas pelos portugueses foram a primeira manifestação do que se veio a definir como ciência moderna, podendo, assim, admitir que os portugueses inventaram a ciência, e que a primeira ciência moderna foi a geologia, um século antes de Copérnico».
Por outro lado, serão discutidas as recentes descobertas geológicas que demonstram que, durante centenas de milhões de anos, a Terra se modificou lentamente ao longo de ciclos.
Walter Alvarez defende que o desaparecimento dos dinossauros, há 65 milhões de anos, foi consequência do choque entre a Terra e um asteróide. Com os dinossauros, desapareceram para sempre cerca de dois terços das espécies que habitavam o planeta.
O artigo de Alvarez sobre a última extinção em massa na Terra foi publicado em 1980 perante a resistência da comunidade científica que exigia provas.
O embate de um asteróide - diziam - teria de ter deixado marcas visíveis na crosta terrestre, e em nenhum lugar existia essa cratera. Passados 11 anos, durante explorações submarinas para a pesquisa de jazidas de petróleo, a prova apareceu. Debaixo de água, na península de Yucatán, no Golfo do México, existia uma cavidade profunda no solo com dezenas de quilómetros de diâmetro. Era a dimensão que Alvarez tinha estimado. Feitas todas as análises necessárias, as datas coincidiam, a cratera tinha 65 milhões de anos.
Geólogo por formação, Alvarez estudava os solos italianos quando descobriu, num estrato das formações rochosas que analisava, níveis exagerados de uma substância pouco abundante na Terra - o irídio.
A ajuda do pai de Alvarez foi fundamental para a descoberta que fariam a seguir. Prémio Nobel da física (1968), Luís Alvarez sabia que o irídio apenas existe em grandes quantidades no espaço. Por isso, só matéria vinda de fora da Terra num determinado momento poderia explicar os elevadíssimos níveis de irídio numa camada específica do solo terrestre. Perceberam, então, que o momento em que isso aconteceu foi há 65 milhões de anos, a altura da última extinção em massa do planeta.
Atualmente, os seus estudos incidem sobre a "Grande História", o novo campo que pretende juntar todo o conhecimento sobre o passado do nosso planeta para compreender, de forma coerente e abrangente, a História a uma escala alargada. Em 2002 recebeu a Medalha Penrose, a mais alta distinção da Sociedade Geológica da América.
Walter Alvarez vai estar na Fundação de Serralves, na próxima quinta-feira, às 17:30, para a conferência "O Estudo da Grande História - Supercontinentes, e como Portugal inventou a Ciência". Na mesma ocasião, Walter Alvarez apresenta o seu livro "As Montanhas de São Francisco - à descoberta dos eventos geológicos que moldaram a terra".