A Cinemateca Portuguesa conseguiu «reinventar-se» e vai regressar às cinco sessões diárias já em Setembro, o que não quer dizer que «as limitações» tenham desaparecido, disse à agência Lusa Maria João Seixas, directora da instituição.
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«Conseguimos, de cara erguida, retomar em Setembro aquilo que era o cerne do que desejamos ser a programação da Cinemateca», afirma Maria João Seixas, ressalvando que «as limitações mantêm-se, não só as decorrentes da portaria. As cativações de verbas, o congelamento das rubricas continuam, na Cinemateca, como noutros institutos, a condicionar muito aquilo que era estatutariamente, e é, a nossa autonomia administrativa e financeira».
Em Abril, a Cinemateca Portuguesa viu-se «obrigada» a reduzir a sua oferta a três sessões diárias, em lugar das habituais cinco, devido às medidas administrativas introduzidas pela Portaria 4-A/2011, nomeadamente às alterações aos procedimentos para execução de despesas nos organismos públicos.
Maria João Seixas recordou que o diploma em causa, aprovado no início do ano, deixou a instituição «sem respiração», pois «afectou sobretudo a prestação de serviços de que a Cinemateca depende, como contratos para filmes, legendagens, transporte de cópias».
O que aconteceu, explicou a responsável, foi que, após um «tempo de adaptação» aos «constrangimentos orçamentais e processuais» que obrigaram à adopção de «medidas muito duras», a Cinemateca conseguiu «regressar a uma programação» que não compromete a qualidade e deixa «imaculada» a função fundamental do organismo: «dar a conhecer a história do cinema nas suas diversificadas características».
Após «uma espécie de reestruturação» de «prioridades e meios», resultante de «um grande esforço» que «o conjunto da casa» fez, a Cinemateca conseguiu «reinventar algumas soluções», nomeadamente buscando «parcerias novas», realça Maria João Seixas.
Essas novas colaborações incluem outras Cinematecas, como a de Madrid, ou ainda a Imprensa Nacional Casa da Moeda, mas também o recurso a «alguns mecenas» que vão ajudar o organismo na «aquisição de muitos filmes», incluindo grandes empresas como a Cimpor (que deu carta branca à Cinemateca para escolher onde gastar a sua oferta) e a Jerónimo Martins (que escolheu especificamente investir na cinematografia polaca).