A técnica desenvolvida na Austrália reanimou órgãos que ficaram 20 minutos sem apresentar batimentos. Foi a primeira vez e correu bem.
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Uma equipa de cirurgiões australianos anunciou, na passada sexta-feira, que pela primeira vez, conseguiu transplantar um coração que já tinha deixado de bater. Um avanço que pode revolucionar a técnica de doação de órgãos? Sim.
Até agora, os médicos utilizavam apenas corações que mantinham batimentos, provenientes de dadores em morte cerebral, para realizar transplantes. No entanto, os especialistas do Hospital Saint Vincent, na Austrália, conseguiram desenvolver uma técnica que "ressuscita" órgãos cujos batimentos ficaram parados até 20 minutos.
«Nós já sabíamos que, até certo tempo, o coração pode ser reanimado, assim como outros órgãos. Agora, conseguimos fazer isso com a ajuda de uma máquina», diz o cirurgião Kumud Dhital, professor da Universidade de New South Wales, em Sydney.
A técnica consiste em transferir o coração do dador para uma máquina portátil. Neste aparelho, o órgão é mantido através de uma solução inovadora que o conserva e o reanima, que o mantém aquecido e com batimentos normalizados até ao momento do transplante.
A equipa australiana aplicou a técnica em três pacientes. Dois estão a recuperar com normalidade e outro está na unidade de cuidados intensivos do hospital australiano.
«É um grande passo para reduzir a escassez de órgãos doados», disse, em comunicado, Peter MacDonald, diretor do Hospital Saint Vicent. E acrescenta, «eu atrevo-me a dizer que, nos próximos cinco anos, veremos cada vez mais transplantes com este novo método».