O documentário "Uma Montanha do Tamanho do Homem", que procura perceber como Drave, uma aldeia desabitada no concelho de Arouca, começou a atrair milhares de pessoas, é lançado na quarta-feira, num 'shopping' de Matosinhos, disse hoje o realizador.
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«A lógica foi a de tentar perceber o que tem de peculiar esta aldeia para que, depois de ter ficado desabitada no ano 2000, não tenha sido abandonada. Não só houve pessoas que começaram a reconstruí-la - os escuteiros -, como se tornou ponto de atração turística, com milhares de pessoas a passarem por lá todos os anos», explicou à agência Lusa João Nuno Brochado.
O mentor do projeto (cuja autoria partilha com Paulo Natividade e José Carlos Matos) recorda que em Drave, uma espécie de vale situado entre as serras de São Macário e da Freita, na freguesia de Covêlo de Paivó, concelho de Arouca, distrito de Aveiro, não há eletricidade, água canalizada, rede de telemóvel ou mesmo estradas que permitam o acesso por automóvel. «Os carros ficam a dois quilómetros. Para se chegar lá, tem de se ir por caminhos de cabra», conta.
Além dos escuteiros, que desde o início do século se têm dedicado à reconstrução da aldeia, o realizador portuense procurou também abordar o facto de esta aldeia se estar a tornar «um ponto de atração turística».
«Há muitas pessoas que vão para lá fazer caminhadas, muitos desportistas, há centenas de pessoas a passar por lá todas as semanas», assegura.
Para o realizador, de 31 anos, outro dos grandes motivos de interesse deste trabalho reside em perceber como é que há tantos jovens num sítio «completamente isolado do mundo».
«Hoje em dia, é difícil acreditar que passem lá duas ou três semanas sem as condições que consideramos ser básicas. Vão para lá recuperar o património a troco de nada», sublinha, frisando que esta ainda é uma realidade «desconhecida para muita gente».
Entre as histórias que foi descobrindo, ao longo dos mais de 30 dias que lá passou, entre fevereiro de 2013 e outubro de 2014, destaca uma, que consta dos extras do documentário, uma produção da Cimbalino Filmes.
«Enquanto a aldeia ainda era habitada, o correio ficava numa mercearia de Regoufe, uma aldeia vizinha a quatro quilómetros de distância. As próprias pensões das pessoas eram lá entregues e, para compensar o merceeiro pelo facto de ficar com elas, as pessoas ainda tinham de lhe dar uma percentagem», conta, recordando, que, na década de 90, ainda havia quem vivesse ali sem água e eletricidade.
O documentário, com uma duração de 93 minutos, é apresentado na quarta-feira, às 21:30, no Norteshopping, em Matosinhos, e na sexta-feira, à mesma hora, em Arouca.
O lucro resultante das vendas do filme reverterá inteiramente a favor da reconstrução de Drave.